Teles chinesas construíram juntas 400 mil estações 5G em menos de 2 anos

China Telecom e China Unicom planejaram juntas a expansão da rede 5G SA, mantendo apenas o núcleo da rede separados. Com isso, economizaram o equivalente a R$ 61 bilhões no período.

No segundo dia do MWC 2021, empresas chinesas foram chamadas para deixar clara sua estratégia para implantar rapidamente a 5G. China Telecom e China Unicom mostraram o resultado de um plano ousado de compartilhamento de infraestrutura, espectro e de construção de novos ativos.

Ambas as empresas firmaram em setembro de 2019 um acordo que ia muito além do simples compartilhamento de rádios. O contrato previa trabalho em conjunto para construir a maior rede 5G Standalone da China. Todos os elementos de rede que podem ser compartilhados, foram. Apenas o core da rede permaneceu independente.

As duas uniram inclusive suas radiofrequências, passando a utilizar 200 MHz na Banda C,  atingindo velocidades de pico de 2,7 Gbps – o dobro do que vinham conseguindo individualmente. Também juntaram os esforços de manutenção.

Para conseguir tal feito, criaram um grupo de trabalho conjunto que definiu processos em comum para construção das redes. Como a expansão deveria contemplar a estratégia de ambas, o grupo também ficou encarregado de definir a construção da rede por regiões de interesse em comum. E para que o maior número de elementos fosse compartilhado, houve o desenvolvimento de software específico para que apenas o core funcionasse de forma independente. Controlador, backhaul, estação, sites, espectro, tudo foi dividido.

Depois de quase dois anos de contrato assinado, China Telecom e Unicom chegaram à marca de 400 mil estações instaladas e operacionais, com cobertura a mais de 330 milhões de chineses.

Segundo Liu Guiqing, vice-presidente executivo da China Telecom, a medida trouxe grande economia. “Tivemos uma redução de 80 bi RMB no Capex ao ano, de 8 bi RMB no Opex por ano”, afirmou. O que significa isso em reais? R$ 61 bilhões a menos de Capex e de R$ 6 bilhões a menos de custos operacionais.

“É o primeiro caso de construção conjunta de redes 5G standalone do mundo. Criamos um time de trabalho conjunto, unificamos objetivos de construção de rede e tivemos de formular novos processos, planejamento e coordenação. No futuro, trabalharemos no desenvolvimento de novos produtos, na coordenação de frequência, no roaming standalone internacional, no fatiamento de ponta a ponta, em acordo de nível de serviço e na integração dos futuros padrões do 6G”, acrescentou. As empresa planejam também construir redes de transporte juntas.

Custo alto, partilha inevitável

Segundo Tim Hatt, responsável por pesquisa e consultoria da GSMA Intelligence, o compartilhamento de redes tende a se intensificar em todo mundo com a 5G. Como o investimento é alto, o gasto energético das redes 5G é maior e há adensamento das antenas, as teles precisarão conversas mais cedo ou mais tarde sobre formas de racionalizar a construção.

Ele deu pistas de que a partilha feita na China, além da alta densidade populacional, tornaram os custos por usuário mais baixos do que nos Estados Unidos ou América Latina.

A América do Norte, pontuou, tem o maior custo por usuário conectado à 5G do mundo. Em seguida vem a América Latina. Nos EUA, as operadoras investem US$ 434 por ano para conectar uma pessoa com quinta geração. Na América Latina, o Capex por pessoa é de US$ 287. Em seguida vem a Europa, com US$ 223. A região onde a alocação é mais eficiente é na Ásia Pacífico e China, onde o Capex por usuários é de US$ 91.

Outro componente da 5G que deve induzir o compartilhamento diz respeito à cobertura de áreas remotas. Construir backhaul de fibra ou micro-ondas em áreas rurais custa 110% a mais, em média, do que nas cidades. Considerando todos os custos com torres, serviços, ativação, energização e backhaul, as rede rurais em áreas remotas custam em média 35% mais do que as redes urbanas, calcula.

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Rafael Bucco

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