Gastos com IA generativa devem mais do que dobrar no Brasil em 2024
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As empresas brasileiras devem mais do que dobrar os gastos com Inteligência Artificial (IA) generativa neste ano, ainda que a tecnologia esteja em estágios iniciais de implementação no País, indica a consultoria IDC, em relatório no qual aponta as principais tendências no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para 2024.
A expectativa é de que as despesas com modelos generativos alcancem US$ 120 milhões (aproximadamente R$ 596 milhões) em toda a América Latina, com o Brasil sendo responsável por grande parte desta soma.
Segundo a consultoria, enquanto 2023 foi o ano em que a tecnologia se popularizou, espera-se que, em 2024, a IA generativa gere, de fato, valor para as empresas que fizerem uso desse tipo de solução. Ainda assim, a IDC destaca que o desafio atual em relação à IA generativa passa por costurar fontes de dados, aplicar medidas de governança e encontrar objetivos de negócio que possam ser endereçados pela tecnologia.
O relatório cita que, para 37% das empresas, a aplicação da IA nos negócios esbarra na incerteza no que diz respeito à segurança e inviolabilidade dos dados usados nos modelos generativos.
“A grande mudança em relação a 2023 é o maior amadurecimento”, afirmou Luciano Ramos, country manager da IDC Brasil, em evento online com a imprensa. “O hype, achar que a IA vai servir para tudo, se dissipa [neste ano] quase totalmente e vemos uma abordagem muito mais madura e orientada para obter e gerar valor para o cliente final, quem de fato consome produtos e serviços habilitados por essa tecnologia”, complementou.
Além disso, o mercado de IA como um todo – isto é, sistemas tradicionais e generativos – deve ultrapassar o valor de US$ 459 milhões (R$ 2,2 bilhões) no Brasil neste ano, de acordo com estimativa da consultoria. O volume deve ser puxado por empresas que buscam acelerar projetos.
“A AI everywhere [IA em todo lugar] vai se estender como a internet, que começou devagar e trouxe novas possibilidades de negócios que nem imaginávamos. E não falo só da generativa, mas a própria IA tradicional vai ter um ritmo de crescimento intenso e constante”, avaliou Pietro Delai, diretor de Enterprise da IDC América Latina. “O barulho aconteceu, mas agora estamos no momento de ver isso ser viabilizado”, acrescentou.
Projeções
Segundo a IDC, o mercado brasileiro de TIC, formado pelos setores de TI e de telecomunicações, deve crescer 5,2% neste ano.
De forma isolada, a expectativa é de que TI avance 6,4%, puxada por soluções de infraestrutura, incluindo IaaS (infraestrutura como serviço). No caso de telecom, a projeção é mais baixa, mas também positiva (3,2%), com apoio, em especial, do crescimento das redes fixas.
A migração de aplicações para nuvem e a busca por serviços de TI devem fazer com que a TI B2B registre alta de 8,7% em 2024.
“O que vemos agora olhando para 2024 – isso vale para o Brasil e para os vizinhos da América Latina – é que se mantém um clima de cautela, mas há indicações positivas. Havendo por parte dos provedores de tecnologia e TI projetos interessantes, é preciso mostrar para as empresas que existe um business case [caso de negócio] real para transformação dos negócios”, sugeriu Ramos.