Telefónica quer mais espectro e crescer em novas cidades a partir da compra da Oi Móvel
O presidente mundial do grupo espanhol Telefónica explicou hoje, 30, o que a empresa espera obter caso consiga arrematar a unidade móvel da Oi ao lado das rivais Claro e TIM. Segundo ele, o interesse reside nas frequências que virão com o ativo, além do ganho de clientes em mercados onde não tem força frente as rivais.
“Demos o lance pelos ativos móveis da Oi para melhorar nossa posição de espectro em âmbito nacional e para ampliar nossa escala em regiões com subescala”, afirmou José María Alvarez-Pallete.
Ele ressaltou, na conferência dos resultados do segundo trimestre do grupo espanhol (veja mais abaixo), que a estratégia para o Brasil passa ainda pela expansão da rede de fibra com sócios e parceiros.
“Há uma oportunidade significativa em nossos principais mercados [Espanha, Alemanha, Brasil e Reino Unido], e poderemos testemunhar ainda mais movimentos de consolidação ou a aceleração da implantação de redes através de co-investimentos com parceiros estratégicos ou financeiros”, disse.
O CFO do grupo, Angel Vilá, lembrou que há muito dinheiro nas mãos de investidores dispostos a colher resultados de longo prazo resultantes de aportes em infraestrutura.
“Ativos de infraestrutura de telecomunicações estão gerando muito interesse no novo capital orientado ao longo prazo. E a Telefónica é um dos maiores donos de rede de próxima geração”, enfatizou. Ele lembrou que o dinheiro afluirá para quem for capaz de ocupar os homes passed (casas aptas a assinar banda larga por fibra óptica) mais rapidamente, o que a seu ver, é o caso da empresa na Europa e na América Latina.
“Na América Latina, a demanda por fibra dobrou no trimestre. O Brasil teve o melhor mês da história em junho em termos de adições de FTTH”, disse.
Operadoras sozinhas não têm dinheiro para atender a demanda
Vilá afirmou que a Telefónica opera no atacado e tem acordos de transmissão com seus rivais há anos, o que ajuda a rentabilizar ativos. “Por conta disso, estamos gerando interesse de grandes investidores e estamos explorando oportunidades do tipo no Brasil e no Chile”, falou, referindo-se à constituição de um veículo para implantação de fibra óptica no país.
Ele garante que a estratégia do grupo ao buscar investidores parceiros prevê sempre a manutenção do controle sobre os ativos. No caso brasileiro, a ideia é que a Telefônica Brasil e a Telefónica Infra, braço de infraestrutura fixa do grupo, tenham, somadas, 50% do capital social da empresa de rede neutra que estão montando.
O problema tem sido chegar na proposta adequada. “Esses ativos são críticos, portanto, controle é essencial. E eles têm uma vida útil longa. Então consideramos que modelos financeiros estão subestimando diferentes fatores”, acrescentou.
Vilá disse ainda que a Telefônica Brasil está passando fibra em 150 mil residencias por mês, um recorde para o grupo. “Há uma demanda muito boa, mas o mercado é enorme. E não conseguiremos cobrir todo o mercado somente com nosso Capex”, falou. Além da procura por sócio para criar uma rede neutra, a empresa está adotando o modelo de franquias e fez uma parceria com a American Tower em Minas Gerais, pela qual a ATC constrói a rede, enquanto a operadora gerencia os clientes.
Resultados mundiais da Telefónica no 2º tri de 2020
O grupo espanhol divulgou nesta quinta-feira os resultados mundiais do segundo trimestre. No período, que foi impactado pela pandemia de covid-19 do começo ao fim, apresentou queda de 14,8% nas receitas. Estas somaram € 10,34 bilhões. O OIBDA (lucro operacional antes de impostos, depreciações e amortizações) encolheu 25,3%, para € 3,31 bilhões. O lucro líquido caiu 50,7%, para € 405 milhões.
Além dos reflexos econômicos ocasionados pela pandemia de covid-19 nos países em que tem operação, a Telefônica também destacou nos resultados o reflexo negativo da desvalorização cambial em diversos mercados, inclusive no Brasil. Para aplacar o impacto financeiro do câmbio, a empresa avisou que vai aumentar seu endividamento em reais daqui para a frente.