Telcomp e Conexis se opõem a projeto adaptado da Usina de Dessalinização do Ceará

Relatório da Cagece entregue à Anatel em março não trouxe segurança. Setor de telecomunicações mantém posição de que os riscos de construção da usina na mesma praia por onde trafegam boa parte dos dados da internet no Brasil são muito altos.

Cabos chegam e parte de Fortaleza, na Praia do Futuro

O setor de telecomunicações, representado pelas entidades Telcomp e Conexis, manifestou posicionamento contrário ao projeto técnico adaptado da Usina Dessal do Ceará, cuja construção está prevista na Praia do Futuro, em Fortaleza.

A CAGECE, companhia de saneamento do estado, entregou à Anatel em março relatório com modificações, a fim de responder às questões colocadas pela agência. O material foi distribuído às associações e empresas do setor para que opinassem.

Em petição protocolada nesta quinta, 16, junto à Anatel, Telcomp e Conexis sugerem que a construção da usina aconteça em outra praia, onde não existam infraestruturas críticas de telecomunicações. Tal possibilidade é prevista no contrato da concessão do Poder Público ao consórcio vencedor da licitação.

“As Entidades Setoriais aderem às preocupações trazidas aos autos pelas detentoras de cabos submarinos e manifestam sua oposição ao Projeto Técnico Adaptado, requerendo sua completa reformulação para prever a instalação do empreendimento em localidade diversa, na qual não haja risco de comprometimento da infraestrutura crítica de telecomunicações”, solicitam.

Novo estudo aponta riscos severos

O grande problema, afirmam, é que se qualquer dos riscos moderados ou altos apontados em um estudo realizado pela consultoria alemã TÜV SÜD se concretizarem, haverá impacto à internet brasileira, uma vez que a Praia do Futuro é rota de boa parte dos cabos que transmitem e recebem conteúdos de Estados Unidos, Europa e África.

“O Estudo em questão traz elementos bastantes para demonstrar que a construção e a operação do empreendimento em área na qual há anos funciona infraestrutura crítica de telecomunicações colocam riscos potenciais relevantes e impossíveis de serem negligenciados pelo Poder Público, já que ameaçam o próprio funcionamento das telecomunicações no Brasil”, diz o material.

As organizações pretendem entregar o estudo ao ministro das Comunicações, Juscelino Filho, na próxima terça-feira, em mãos, e reforçar a mensagem do que está colocado na petição à Anatel: de que o relatório da consultoria traz apenas uma parte dos riscos às infraestruturas de rede.

“Existem omissões relevantes nos documentos técnicos apresentados até aqui pela SPE e pela CAGECE, sendo crível acreditar que outros riscos existem, cabendo, portanto, sob uma ótica de precaução, a adoção de uma abordagem conservadora com relação ao empreendimento”, afirmam.

 

 

 

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Rafael Bucco

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