Telcomp avisa que uso do poste não pode ser resolvido a “toque de caixa”
O presidente da Telcomp, João Moura, combateu hoje, 28, a iniciativa das agências reguladoras Anatel e Aneel, que lançaram consulta pública para mudar as regras do compartilhamento de 9 milhões de postes das concessionárias de energia elétrica pelas operadoras de telecomunicações. “Não há crescimento da banda larga no Brasil sem o uso do poste”, afirmou o executivo.
Em sua avaliação, é preciso pacificar o tema entre os dois segmentos, pois não se conseguiria resolver um problema antigo e complexo “com soluções simplistas”. Segundo Moura, o corte de cabos de telecom por parte das concessionárias de energia elétrica (como está sendo realizado pela Eletropaulo), acaba gerando grande insegurança jurídica entre as operadoras de telecom.
” As empresas não têm mais segurança em continuar a investir, pois não sabem se seus cabos serão cortados na calada da noite”, afirmou.
Custos
Segundo Edmundo Matarazzo, da Abranet, a manutenção das redes de telecom em dutos é 25% mais cara do que a sua manutenção pela rede aérea.
A entidade fez um estudo do perfil dos operadores por número de clientes e constatou que, dos mais de 6 mil provedores com outorga na Anatel, 1,3 mil não têm qualquer cliente registrado; e 1,6 mil empresas tem até 500 clientes, o que representa 68% do market share.
Aqueles que tem entre 5 mil e 50 mil clientes são apenas 158 operadoras, ou 2,6% do mercado. “São essas empresas que podem ser consideradas casos de sucesso, pois estão no mercado há mais de 10 anos, um mercado estabilizado e competitivo”, afirmou.
Conforme a Abranet, existe ainda 15 empresas com mais de 50 mil clientes e apenas 5 prestadores com mais de um milhão de acessos, que pertencem aos grandes grupos de telecom.
Para Matarazzo, a ocupação dos postes das elétricas precisa ser regulada para evitar que empresas sem outorga de telecom puxem os cabos sem qualquer regra de segurança. “O melhor é que todas as empresas sigam as mesmas regras, e que essas sejam razoáveis para todas”.