Tecnologias para ESG já são realidade entre os grandes produtores rurais
As tecnologias para a implementação das práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) já são uma realidade nas grandes empresas brasileiras do mundo agro, mas são também motivos de preocupação. Isto porque, na avaliação do sócio da Deloitte, Alex Borges, a não adoção dessas práticas pode inviabilizar a exportação dos produtos da agropecuária brasileira. Usar tecnologias como as de rastreabilidade são importantes, mas não suficientes.
“É preciso comprovar o comprometimento dos produtores com a prática”, afirma AlexBorges, sócio da área de Risk Advisory e líder da prática de Regulatory Support& Stratetic Risks da Deloitte Brasil que participou, nesta quinta-feira, 12, do AGROtic 2022. Segundo o diretor da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, o agrobusiness também tem problemas com as informações sobre o segmento. “Hoje, os produtores preservam 282 milhões de hectares e têm aumentado a produtividade sem necessidade de ampliar as áreas de cultivos, mas são vistos como vilões do meio ambiente”, afirma.
O problema de comunicação, de acordo com Spadotti, começa nas escolas, que ainda usam livros de história e geografia que apontam a existência de latifúndios e monoculturas. Spadotti disse que a Embrapa fez um levantamento das reportagens publicadas sobre o setor e constatou que em apenas 10% delas as informações são positivas, enquanto em 50%, são negativas. Ele defende a busca de uma comunicação mais assertiva.
“Nosso agro precise se vender melhor”, observou Adilson Martins, especialista em agronegócio e cooperativismo da Deloitte. Segundo ele, pesquisa da consultoria aponta que 64% dos entrevistados afirmam que confiança na marca é o melhor influenciador do produto. Ele disse que a matriz de risco dos negócios está ligada às práticas de ESG e o processo de entendimento ajuda na adoção de tecnologias que facilitarão a jornada.
Martins citou o exemplo de uma empresa, que ficou seis meses sem conseguir exportar por problema na rastreabilidade dos grãos que produzia. “Ferramentas que conseguem captar a percepção dos consumidores ajudam a direcionar os processos internos das empresas”, disse. Mas alerta que é preciso encontrar o equilíbrio entre os custos das mudanças e a rentabilidade dos resultados, para não gerar aumento de preço.
Mão de obra
Anderson Minamihara, diretor Comercial Estratégico do Café Minamihara, já descobriu as vantagens das práticas ESG e está em fase de implantação da tecnologia blockchain para ampliar a rastreabilidade do café e do abacate orgânicos produzidos na fazenda da família. Ele disse que a maior dificuldade na modernização de processos é com a mão de obra, pouco qualificada. Além de treinamentos constantes, a empresa criou um plano de carreira para engajar o trabalhador.
Recentemente, a empresa criou o curso “Da semente à xícara”, aberto à sociedade, como forma devolver à comunidade as conquistas alcançadas pelos produtos da fazenda. Ele reconhece que a ESG é pouco falada entre os produtores rurais. Joaquim Cunha, da WBGI, que moderou o debate, afirma que a ESG veio para ficar e deve ainda ser tema de grandes debates entre os produtores rurais.
O AGROtic é uma produção da Momento Editorial, em parceria com a EsalqTeC. Os debates sobre tecnologia para o campo continuam nesta sexta-feira, 13.