Tecnologia óptica que “escuta”

A solução Fence Lite transforma um cabo de fibra óptica em sensor de vibração ultrassensível, capaz de “escutar” diferentes tipos de ruídos em sua estrutura.
Paulo Curado, diretor de Inovação do CPQD

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Categoria Fornecedores de Produtos

Produto Inovador: Fence Lite[/infobox]

Por Pedro Magalhães

[O Tele.Síntese vai publicar ao longo das próximas semanas as reportagens publicadas no Anuário Tele.Síntese de Inovação 2020, editado no final do ano passado e que pode ser baixado na íntegra e gratuitamente aqui]

Proteger condomínios, casas e empresas de roubos e invasões tem sido uma preocupação constante dos administradores desses locais. O problema é antigo e o mercado de segurança patrimonial, pujante. Foi mirando esse nicho de mercado que o CPQD, em parceria com a startup Alfa Sense, criou a solução Fence Lite. A tecnologia voltada para monitoramento de perímetros transforma um cabo de fibra ótica em sensor de vibração ultrassensível, capaz de “escutar” diferentes tipos de ruídos em sua estrutura. Instalada, a fibra vira “cerca”.

“Fizemos uma tecnologia muito fina, para resolver um problema muito prático. O mercado brasileiro de segurança patrimonial demanda muito isso,” conta Paulo Curado, diretor de Inovação do CPQD. Com uma camada de Inteligência Artificial sobre o sensoriamento acústico, esses ruídos podem ser categorizados por origem para eliminar falsos positivos. O sistema é capaz de detectar ações como tentativa de escalada, corte no alambrado, quebra do muro, corte da fibra, escavação, mas também consegue distinguir passos e alguém se apoiando na parede, por exemplo.

O Fence Lite roda em conjunto com outras aplicações voltadas à proteção perimetral, como câmeras, sirenes, centrais, leitores RFID e softwares de terceiros. Assim, no caso de uma intrusão à propriedade, pode emitir alarmes em tempo real.

Por ser baseado em fibra, o Fence Lite também é imune a raios e interferências eletromagnéticas e não requer energia elétrica ou infraestrutura em campo, já que basta fixar o cabo de fibra à superfície a ser monitorada.

“A solução é minuciosa e se adapta a qualquer ambiente. A fibra monitora um perímetro de 4km, podendo inclusive chegar a mais com uma rede ‘de lançamento’ conectando a fibra do perímetro à fibra da central,” afirma Marcos Sanches, gerente de Soluções em Sensoriamento do CPQD.

O projeto do Fence Lite começou a ser estruturado em outubro de 2019, com prototipação concluída em janeiro de 2020 e ida para a “prateleira” em outubro deste ano. Mas as bases que deram origem ao produto são mais antigas. Com o intuito de aproveitar a expertise que já possuía em fibra, o CPQD começou a desenvolver projetos de sensoriamento no setor elétrico para distribuidoras como Cemig, Eletropaulo e Eletronorte.

“Fomos formando parcerias com as empresas do setor elétrico. Uma das parcerias foi com a Cemig e começamos a fazer projetos de sensoriamento juntando algumas tecnologias. E da Cemig veio a indicação de uma equipe que poderia trabalhar conosco”, relata Curado.

Com experiência em soluções importadas para esse mercado, a equipe incluía os sócios que fundaram a Alfa Sense, há cerca de dois anos. O CPQD começou então a trabalhar com a Alfa Sense em diferentes projetos, um dos quais para o desenvolvimento da solução que mais tarde seria batizada de Fence Lite.

A proposta da startup era criar um produto de sensoriamento acústico com preço inferior ao das soluções importadas – produtos similares no mercado internacional podem chegar a 20 mil dólares. De acordo com Sanches, com a manufatura de escala, o valor final alcançado apresenta redução de até 50%. A comercialização é feita pela
Alfa Sense através de integradores.

Atualmente, o Fence Lite se prepara para ganhar outros mercados, com contrato de exportação firmado com mais de 19 países. A América Latina, com demandas de proteção patrimonial similares às do Brasil, é uma das regiões a serem exploradas.

Mas ainda que o mercado de segurança seja o portão de entrada para a solução, o Fence Lite não deve ficar fechado nesse segmento. A ideia é que dê origem a produtos voltados para diferentes verticais, como defesa (proteção de fronteiras), mineração (monitoramento de barragens e transporte de minério) e óleo e gás (Detecção de furto de combustível, vazamentos).

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