Tata Communications chega ao Brasil e busca parceiros para crescer

Operadora de atacado quer ajuda de ISPs para atender o setor corporativo. Estratégia é vender capacidade de transporte internacional às maiores multinacionais com escritórios ou sede no Brasil.
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A rede transatlântica da Tata: operadora conecta São Paulo a New Jersey pela fatia exclusiva que detém no cabo Seabras-1. De lá, rede parte para europa no TGN, cabo próprio que se interconecta com resto do mundo.

O competitivo mercado das operadoras de telecomunicações para o setor corporativo ficou ainda mais acirrado. A Tata Communications, operadora de origem indiana, acaba de desembarcar no país. Na bagagem, traz experiência de atendimento a grandes clientes internacionais, inclusive alguns dos maiores provedores de aplicações, que pedem alta capacidade e baixa latência de dados, e a capacidade de investimento do grupo Tata, que fatura cerca de US$ 130 bilhões no mundo.

A estratégia da companhia para país é de longo prazo. O vice-presidente a Tata Communications para as Américas, Pathmal Gunawardana, contou ao Tele.Síntese que o projeto já prevê ações para os próximos dez anos. No primeiro ano, o da chegada, a expectativa é crescer a carteira de clientes organicamente e a partir de parcerias com ISPs ou operadoras brasileiras. No quinto, é estar em os líderes do setor.

Enquanto isso, montará pontos de presença (PoPs) em todo o Brasil, mas o foco será São Paulo. Já são três em funcionamento. Também deve buscar clientes no Rio de Janeiro – onde, aliás, fica o recém-montado escritório. O country manager no Brasil é Maurício Senna.

Operadoras locais, como Oi e TIM já eram clientes internacionais da Tata, comprando transporte de dados para a Ásia, por exemplo. Além do Brasil, a operadora, que jé tem negócios nos Estados Unidos e Canadá, e vai ampliar suas operações para Colômbia e México.

Competição

A nova operadora vai encarar de frente empresas que já estão há tempos no país, como BT, Orange, CenturyLink (Level 3), Alcatel Enterprise. A Tata venderá serviços de conectividade e capacidade internacional a empresas que precisem de transporte internacional de dados. Mas também vai oferecer serviços especializados, como de internet das coisas, uma camada de aplicações  de segurança e até comunicações unificadas. Outro ramo de clientes são os de fora, multinacionais que precisam trazer dados para o Brasil.

A aposta é a diferenciação pela rede. A Tata chega ao país com o cabo submarino Seabras-1, no qual investiu cerca de US$ 30 milhões e se tornou dona de uma fatia. Através dele, se conecta por rede submarina a Estados Unidos. De lá, tem cabo submarino que a conecta à Europa, e depois, a Oriente Médio, Ásia, Oceania. Tem outro cabo atravessando o pacífico, ligando Japão a Estados Unidos. Ao todo, a empresa conecta “240 países e territórios”, por meio de 210 mil Km de fibra em terra e 500 mil de cabos submarinos. Calcula que 25% do tráfego mundial de internet passe por usa infraestrutura.

Aqui, a Tata espera surfar a transformação digital. Essa onda está varrendo as grandes empresas, que ampliam investimentos em processos eletrônicos, aumentam a quantidade de funcionários que trabalham de casa ou remotamente, e precisam recorrer à nuvem ou a comunicações seguras.

“Além disso, acreditamos no desenvolvimento do país e temos experiência em mercado emergentes. O Brasil é importante, por ser a nona maior economia do mundo, com 200 milhões de pessoas e tendo São Paulo como um hub de empresas globais na região”, ressalta o executivo.

Burocracia

A Tata se diz ciente das peculiaridade do ambiente de negócios brasileiro. A estrutura corporativa terá Senna no comando dos negócios locais. Ele responderá a Maria Virginia Delgado, responsável pelas vendas na América Latina e Canadá, que por sua vez, responde a Gunawardana. A equipe terá gente especializada na legislação brasileira de telecomunicações e tributos, por exemplo, além do atendimento.

“Começamos a planejar nossa vinda há três anos, quando investimos no Seabras-1. Sabemos das diferenças entre os países das Américas, e estamos preparados para lidar com elas. A licença para operarmos demorou alguns anos para sair, mas saiu há um mês”, conta Gunawardana. Ele não revela, porém o tamanho do investimento que pretende realizar no Brasil.

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Rafael Bucco

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