StarOne diz que está preparada para qualquer solução para a TVRO
Gustavo Silbert, diretor executivo da Embratel StarOne, afirmou hoje, 6, que a Star One está preparada para qualquer que seja a solução para a TVRO, pois tem frequências tanto em banda C quanto na banda Ku. Mas ele reiterou que a empresa continua defendendo que a melhor solução é a instalação de filtros para manutenção das parabólicas na banda C.
Silbert foi uma das lideranças do setor de satélites que participaram do painel de encerramento do Congresso Latino-americano de Satélite, promovido pelo portal Teletime. “Essa é uma discussão simples. A digitalização na TVRO já está acontecendo. Acreditar que num leilão de 5G você vai agregar uma conta de mudar toda uma planta (de banda C) para banda Ku para viabilizar uma digitalização, é uma atitude economicamente inviável. Na banda C, os testes com os filtros estão mostrando que eles são viáveis e só serão colocados onde houver interferência; enquanto a migração para a banda Ku vai ser em toda a base instalada e num tempo de mudança muito maior do que o necessário para mitigar a interferência. Qualquer modelo que vier a ser adotado, estamos preparados; mas estou tão convicto em relação à manutenção da TVRO na banda C, que o plano B está lá mas acho que não será usado”, afirmou.
Rodrigo Campos, gerente geral da Eutelsat Brasil, disse que a migração para a banda Ku é uma oportunidade para todos os operadores, incluindo a Eutelsat. Mas ele destaca que a distribuição profissional de vídeo na banda C continuará existindo.
“Isso não significa que os clientes que estão na nossa frota vão sair, continuarão onde estão. A migração para a banda Ku é uma oportunidade, mas só que, efetivamente, a conta não fecha nem do ponto de vista econômico nem para a sociedade”, pondera.
Banda de reserva
Outro tema abordado é a solução para a reserva de 75 MHz da Banda C estendida para o 5G. Clóvis Baptista, chairman da Hispamar, disse que a empresa está em discussão com a Anatel por meio do SindiSat, sobre a realocação dos usuários da banda C, devido à decisão da Agência de também reservar para o 5G a faixa de 3,6 GHz a 3,7 GHz.
“Já se avançou muito neste assunto e agora estamos discutindo com a Anatel a modelagem dessa operação, que é complexa e envolve vários componentes. Do ponto de vista de gestão de risco, esse é bastante relevante”, alerta Baptista.
Rodrigo Campos, da Eutelsat, considera que a parte regulatória avançou bastante com o estabelecimento de um valor fixo para os satélites, independente do tamanho do satélite e das faixas de frequências; além da aprovação da Lei 13.979, a regulamentação da Lei das Atenas.
“Tudo isso destrava os investimentos em telecomunicações e o satélite, como parte da infraestrutura, pode beneficiar o próprio leilão de 5G. Mas vimos discutindo com a Anatel a realocação dos 75 MHz, com certeza vamos conseguir mostrar o melhor caminho. Todos os operadores estão discutindo com a agência qual o impacto nos clientes e qual o impacto econômico de se inutilizar essa parte do satélite”, defende Campos.
Transformação do setor
O painel também discutiu o cenário atual e as perspectivas do mercado local, as soluções para a retomada, os desafios regulatórios e econômicos e os caminhos apontados pela indústria. Jurandir Pitsch, VP de Vendas para América Latina da SES, ponderou que a instabilidade no cenário econômico não chega a afetar o setor, porque ele tem ciclos de investimentos de longo prazo. A própria SES está lançando em 2021 o SS 17, que foi projetado há cinco anos.
“Compramos, recentemente, 11 satélites da frota MEO e não vamos mudar nossos planos. Mas algo que está acontecendo no mundo todo é que um dos principais setores que sustentaram o satélite por muitos anos, ocupando 65% da maior parte das frotas, o de broadcast, está mudando. O segmento de TV por assinatura está mudando, o que pode representar um desafio adicional, reduzindo o valor das nossas empresas”, adverte Pitsch.
Bruno Henriques, diretor comercial da Viasat Brasil, diz que o ano foi desafiador mas ele destacou as investidas da empresa no mercado de consumo com o lançamento da banda larga residencial e, em breve, o serviço de internet comunitária. Entre os desafios está o aprendizado de cobrir o Brasil e aliar as questões técnica e a realidade tributária de cada estado. “Imagina habilitar uma rede inteira nacional de forma totalmente remota. Usamos de muita criatividade na forma de trabalhar e fizemos muitas contratações remotas. O fato positivo é o acesso a internet ter sido declarado serviço essencial”, diz Henriques.