Sob críticas de petistas e blindagem do União Brasil, Juscelino Filho se reúne com Lula
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, se reúne com o presidente Lula nesta segunda-feira, 6. O encontro ocorre em meio à repercussão de suspeitas de uso indevido do dinheiro público por parte do chefe da pasta, o que gerou divergências entre lideranças do União Brasil e do PT sobre sua permanência no cargo.
A conduta de Juscelino vem sendo questionada principalmente desde a última semana, após o jornal O Estado de São Paulo apurar que ele fez uma viagem a São Paulo usando avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e diárias pagas com dinheiro público para participar de um evento de vaqueiros. O ministro da Defesa, José Múcio, também se reunirá com Lula nesta segunda (leia mais abaixo).
Neste domingo, 5, véspera do encontro entre Juscelino e Lula, os líderes do União no Congresso, partido do ministro – deputado Elmar Nascimento (BA) e senador Efraim Filho (PB) – divulgaram uma nota em nome de toda bancada, criticando uma fala da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que defendeu o afastamento dele.
A declaração de Gleisi foi publicada pelo Metrópoles na última sexta-feira, 3, ao ser questionada pelo portal sobre a situação de Juscelino. “Acho que o ministro devia pedir um afastamento para poder explicar, justificar, se for justificável o que ele fez. Isso impede o constrangimento de parte a parte”, disse a Hoffmann.
Em resposta, a bancada do União afirma que “repudia” a fala da presidente do PT e alega prezar pelo “direito de defesa e a presunção da inocência”.
“Lamentamos que Gleisi utilize dois pesos e duas medidas para tratar de assuntos inerentes à vida pública. Quando atitudes dos seus aliados são contestadas – e não faltaram acusações a membros do PT a história recente do país” – a parlamentar prega o direito de defesa. Quando a situação se inverte, prefere fazer pré-julgamentos”, consta na nota.
Viagem polêmica
A reportagem do jornal O Estado de São Paulo, publicada na última segunda-feira, 27, apurou que Juscelino Filho viajou de Brasília a São Paulo, entre 26 e 30 de janeiro, com avião da FAB e diárias bancadas com dinheiro público, para participar de leilões de cavalos de raça.
Ainda segundo a matéria, o ministro afirmou ser uma viagem de “urgência” para justificar o uso do serviço público. Entretanto, os compromissos oficiais somaram apenas duas horas e meia. No tempo restante, Juscelino “assessorou compradores de animais, recebeu prêmio de vaqueiros e inaugurou praça em homenagem a um cavalo de seu sócio”.
A apuração aponta, e o Ministério das Comunicações (MCom) confirma, que houve quatro diárias e meia custeadas com dinheiro público, incluindo o fim de semana, em que não há compromissos oficiais registrados. Em nota, a pasta afirmou que houve um “equívoco” e o valor já foi devolvido.
A publicação fala em um total de “R$ 3 mil” em diárias pagas com recursos públicos. Nas redes sociais, Juscelino apresentou um comprovante de devolução no valor de R$2.004,45 mil, em transferência feita um dia após a publicação da matéria, 28 de fevereiro; documento este que ele diz que apresentará a Lula.
Desde que o caso se tornou público, deputados de oposição registraram um conjunto de requerimentos pedindo explicações ao ministro, o que pressionou resposta do MCom e do Planalto. Até então, Juscelino já era alvo de suspeitas de uso indevido do dinheiro público, mas o governo federal não havia se pronunciado e o União não manifestava preocupação com a conduta do ministro que representa a sua cota no Poder.