Smartphones vão ficar mais caros no Brasil em 2019

IDC Brasil prevê lançamento neste ano de aparelhos que alcançam a bagatela de R$ 10 mil. Segmento de celulares deverá puxar a expansão do mercado local de TICs. Setor de telecom vai andar de lado, mas não para ISPs, que vão concentrar o crescimento.

O mercado brasileiro de tecnologia da informação e de telecomunicações deve crescer 4,9% neste ano, conforme previsão da consultoria IDC Brasil. O setor de TI deve despontar, com expansão de 10,5%, puxado pelo aumento da receita das fabricantes de celulares.

Segundo Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa e consultoria para o segmento de consumer devices da IDC, o consumidor local de smartphones já se comporta como aquele de um mercado maduro de smartphones. Com isso, o preço médio dos aparelhos vai aumentar, mas a venda, em unidades, cair.

“Em 2019 vamos ver o lançamento provável de aparelhos que custarão R$ 10 mil para o consumidor final. E haverá quem compre porque o brasileiro médio já está indo para terceiro ou quarto aparelho, ele busca melhorias sobre o que já possui”, afirma.

O preço médio do smartphone vai crescer. As receitas das fabricantes com a venda de smartphones vão subir 18%**, enquanto a com tablets e PCs vai aumentar 7%. A elevação acontecerá em função do acréscimo de funções aos aparelhos, como mais lentes e câmeras, recursos de inteligência artificial, telas dobráveis, armazenamento, memória etc. O mercado brasileiro de devices como um todo, que inclui smartphones, feature phones, tablets e PCs, deve movimentar US$ 24,5 bilhões neste ano.

Em telecom, ISPs se destacam

O segmento de telecomunicações (o C dos TICs) vai encolher levemente. As operadoras vão enfrentar uma retração de 0,3% de receita em função da continuidade da tendência de aumento do consumo de dados e retração dos serviços tradicionais de voz móvel e fixa. A banda larga deve ser o destaque do ano, mas há mudança no comportamento do usuário.

“A marca da operadora tem cada vez menos importância. O cliente busca estabilidade e velocidade para a escolha da banda larga fixa residencial”, ressalta André Loureiro, gerente de pesquisa e consultoria de TIC.

O crescimento dos provedores regionais de banda larga continuará forte, mas incapaz de inverter o sinal do setor. Os provedores tendem a se profissionalizar cada vez mais e a participar de movimentos de consolidação entre si ou liderados por fundos de investimento.

Estendendo suas redes a novos mercados nada ou pouco explorados, os ISPs devem acelerar o crescimento no B2B em 2019 e acrescentar serviços a seu portfólio. Vão ampliar a oferta de produtos de data center, nuvem, voz fixa e voz móvel. Tudo alimentado pelos investimentos em fibra óptica. O final de 2019, a IDC estima que os provedores tenham 25% do mercado, um crescimento de 5 p.p. sobre 2018.

IoT em alta

A internet das coisas (IoT) seguirá no caminho de expansão, mesmo sem regulação. Conforme o relatório da IDC Brasil, o mercado mundial vai atingir US$ 745 bilhões em 2019, alavancado por manufatura e consumo. No Brasil, o potencial é igualmente gigantesco, especialmente nas verticais de agronegócio, saúde, smartcities e indústria.

Neste ano, a internet das coisas deve movimentar localmente US$ 9 bilhões e crescer 20%, pelo menos, ano a ano até 2022. Isso, sem regulação, uma vez que continua à espera de publicação pela Presidência o Plano Nacional de IoT. Também há discussões sobre a tributação, com operadoras pedindo redução do Fistel incidente sobre o segmento, mas sem datas no horizonte para que isso se concretize.

“Independente do que se paga, o mercado já tem aplicações rentáveis, vê utilidade na IoT, e implanta de todas as formas possíveis, usando rede celular, usando WiFi, até com cabo na indústria. Nem o BNDES está aguardando uma regulação e já está incentivando projetos”, ressalta Pietro Delai, gerente de consultoria e pesquisa da IDC Brasil.

Tendências

Outros segmentos tendem a crescer no mercado de TICs brasileiro neste ano. A consultoria estima, por exemplo, que a venda de soluções de segurança de próxima geração, aquelas que usam inteligência artificial e machine learning, vão movimentar US$ 671 milhões. Em parte, por medo das empresas de sofrerem ataques, em parte, por medo de receberem sanções quando a Lei Geral de Proteção de Dados for implementada, em 2020.

A Inteligência Artificial, além de usada em segurança, será mais e mais alocada no setor de atendimento a clientes. Também será usada em análise e investigação de fraudes, automação de TI e diagnósticos e tratamentos de saúde.

Big Data e Analytics não deixaram de ser segmentos promissores. Devem movimentar US$ 4,2 bilhões no país neste ano, em conjunto com a inteligência artificial, para melhoria da experiência do usuário e automação de operação e negócios.

A nuvem também não deixa de ser tendência. Agora, em vez da híbrida, a IDC considera a nuvem pública como a que mais crescerá. A projeção é que movimente US$ 2,3 bilhões no ano, e cresça até atingir US$ 5,8 bilhões em 2022. Ela será usada também para operacionalizar arquiteturas de software baseadas em containers e serverless.

E o SD-WAN seguirá requisitado. A consultoria estima que 80% das grandes empresas terão o modelo implementado em pelo menos alguns sites até 2020. Neste ano, 40% das empresas recorrerão ao SD-WAN em vez do MPLS. Operadoras e integradoras vão aumentar receitas com estas ofertas.

[Errata: ao contrário do escrito inicialmente, a IDC Brasil não prevê de quanto será o aumento médio do preço dos aparelhos. A consultoria afirma que haverá aumento do preço dos aparelhos e que a receita com a venda dos produtos crescerá 18% em função da elevação tanto do tíquete médio, como redução de custos das fabricantes.]

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Rafael Bucco

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