Silva: Quatro tendências em inovação das redes na América Latina para 2020

Do edge computing à automação, o que deve alterar o panorama das redes na região neste ano

*Por Hector Silva, CTO e Líder Estratégico de Vendas da Ciena para América Latina (CALA)

Ao darmos as boas-vindas a nova década, é comum olharmos para trás, para os últimos anos, e relembrarmos o quanto as coisas mudaram. Para as operadoras de rede na América Latina, mais importante do que olhar para o passado, olhar para frente é fundamental para determinar como as novas tendências irão moldar o futuro do nosso setor. Com diversos países em todo o mundo dando os primeiros passos na adoção do 5G e com a Internet das Coisas (IoT) se tornando realidade, em quais novos avanços devemos ficar de olho para levar a experiência de conectividade dos usuários finais ao próximo nível?

A seguir está uma lista das quatro principais tendências que serão importantes em 2020 para o futuro do setor de telecomunicações da América Latina:

Edge computing (computação na borda) vai acontecer
À medida que as tecnologias de telecomunicações e computação continuam avançando rapidamente, os usuários finais estão mais famintos do que nunca por experiências de conectividade rápidas e confiáveis ​​na era do “sempre conectado”. Isso significa reduzir a latência sempre que possível e, portanto, edge computing desempenha um papel fundamental, aproximando os dados dos usuários finais. Isso é especialmente importante para serviços bancários, jogos, assistência médica e muito mais aplicações.

O edge computing pode ajudar a tornar as tecnologias avançadas mais eficientes na América Latina. Por exemplo, trazendo dados próximos da borda, incluindo a implantação de soluções para fintechs, como a proliferação de cartões de pagamento por aproximação, que visam simplificar a vida dos cidadãos e maximizar a eficiência; enquanto o surgimento da agricultura inteligente pode ajudar a reduzir a escassez de alimentos em alguns locais da região. Além disso, o edge computing e a IA (Inteligência Artificial) têm a capacidade de promover melhorias no sistema judicial dos países da América Latina. A exemplo, o sistema argentino Prometea de IA oferece uma maneira de melhorar a detecção e previsão inteligentes. Até o momento, o Prometea já apresenta uma taxa de sucesso de 96% em prever soluções para casos em menos de 20 segundos.

Inteligência Artificial e assistência médica mais inteligente
De acordo com a Accenture, a IA tem potencial para aumentar o VAB (Valor Agregado Bruto) do Brasil em US$ 4,32 bilhões. Embora a “inteligência artificial” pareça ser um termo do momento, suas aplicações e seu potencial para agregar valor a uma infinidade de verticais da indústria, como a assistência médica, mostram que ela não desaparecerá tão cedo.

Com todos os avanços tecnológicos que estão acontecendo no campo da medicina, não é de se admirar que as pessoas estejam vivendo por mais tempo do que nunca. Quando analisamos o número de sensores e aplicativos disponíveis em smartphones (sem nem mencionar todos os novos aplicativos que são desenvolvidos todos os dias), não é difícil imaginar os benefícios que a IA e os smartphones poderão trazer para o setor da saúde. Desde o monitoramento de batimentos cardíacos e o rastreamento de padrões irregulares por meio de biossensores, até alertas proativos para as pessoas que precisem ir ao hospital, os benefícios são tangíveis e representam uma excelente maneira de melhorar a qualidade e a eficiência da assistência médica na América Latina.

Desagregação em toda a rede
Assim como foi possível desacoplar um software como o Windows do hardware para se tornar independente de fornecedor, o setor de telecomunicações está analisando coletivamente desacoplamentos semelhantes em uma variedade de tecnologias distintas que incluem óptica, IP, virtualização de rede e muito mais.

Esse é o conceito da desagregação da rede e, à medida que avançamos em 2020, ele se tornará uma tendência mais proeminente para os operadores e os usuários finais. Com o objetivo de otimizar o desempenho, a desagregação da rede separa vários componentes, permitindo maior flexibilidade para o cliente definir configurações de rede personalizadas que melhor atendam às suas necessidades, com a condição de que os controladores SDN abstraiam a complexidade de sua operação. À medida que diferentes operadores de diversos países da América Latina procuram atualizar as redes para seus usuários finais, a desagregação da rede e o SDN se tornarão ainda mais prevalentes na região.

Automação inteligente para o futuro
Os operadores na América Latina estão se tornando mais conscientes da necessidade de automatizar seus processos de negócios a fim de preencher a lacuna entre seus sistemas de TI e a rede. Ao combinar controle definido por software e orquestração com big data e analytics, a automação inteligente permite que os provedores de serviços tirem proveito total das redes mais adaptáveis ​​e econômicas.

Operadores de rede e provedores de serviços que utilizarem automação inteligente estarão mais bem posicionados para lidar com novas tecnologias que estão no horizonte, como o 5G – colocando-se um passo à frente. Por fim, aproveitar essa evolução permitirá que os operadores de rede comecem a monetizar seus ativos de rede para usuários finais e outros operadores por meio de interfaces abertas e padrões, graças ao Network-as-a-Service – rede como um serviço, ou NaaS.

Como sempre, um novo ano significa navegar por uma série de novos desdobramentos para operadores de rede na América Latina. Embora o futuro nunca seja algo certo, os operadores seriam sábios ao acompanharem as tendências para 2020 mencionadas acima, mantendo-se flexíveis para o cenário em constante mudança das telecomunicações na região.

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