Setores público e privado precisam atuar juntos na educação digital, dizem entidades
A deficiência do ensino na área de tecnologia precisa ser contornada com a união dos serviços público e privado na educação digital. Esta é a opinião de painelistas que participaram nesta sexta, 5, do Edtechs, promovido pelo Tele.Síntese.
Lia Glaz, Gerente Sr. de Educação da Fundação Telefônica Vivo, lembrou que o mercado terá 500 mil vagas na área de tecnologia, até 2025, em um cenário de desemprego geral. Ela disse que, em relação à educação digital, é preciso que ocorra com mais intensidade essa formação, e é uma das linhas de atuação da entidade onde atua.
“Temos um trabalho forte com as secretarias do governo, uma ação de desenhar junto, de pensar junto o que precisamos fazer para que professores tenham um mínimo de competências digitais no país”, falou. “Há cerca de 33% de desemprego entre os jovens. É paradoxal ter tanto desemprego e esse volume de vagas de trabalho disponíveis”, disse Americo Mattar, Diretor-presidente da Fundação Telefônica Vivo, em keynote após o painel.
Ele reforçou a necessidade de união entre o público e o privado na questão da educação digital. “Não é que o poder público não tenha essa competência. Poder público não tem é essa liberdade de experimentar. A empresa privada tem, então dá para trabalhar junto”, falou Mattar.
Reflexão
“Sabemos que existem oportunidades no mercado e que é difícil achar jovens com essas competências digitais. O ponto de reflexão é se as escolas têm condições – tanto em infraestrutura quanto em relação aos professores – para esse novo modelo. Deve existir investimento do governo para que isso aconteça”, falou Daniely Gomiero, diretora de Comunicação e Responsabilidade Social da Claro e VP de Projetos do Instituto Claro.
Ela comentou que o instituto que comanda tem parceria técnica com o governo e que, por meio de uma plataforma criada com essa parceria, é possível saber se a tecnologia teve ou não impacto nas escolas e na maneira do professor ensinar.
Citou também o Dupla Escola, curso técnico profissionalizante em telecomunicações do Instituto Claro. “Lá, já investimos em formação e conhecimento em 5G há muito tempo. E os alunos saem com CREA, ou seja, preparados para o mercado de trabalho”, falou.
Segundo Daniely, o curso registrou evasão zero. “Esse é um dado importantíssimo, principalmente quando falamos em jovens que ficam o dia inteiro na escola”. Contou também que 60% dos alunos são meninas.
Para Lúcia Dellagnelo, diretora-presidente do CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira), falta de competências digitais impedem que alunos aprendam mais. “No ranking de competitividade digital, o Brasil perdeu 2 posições. O país está regredindo”, disse.
“Competência não é só usar a tecnologia, mas ser capaz de entender o mundo com a tecnologia”, falou Lúcia. “No novo ensino médio, tecnologia é competência essencial.”
Referências internacionais
Casos como o da Alemanha, onde os jovens são direcionados pela escola a uma carreira, vieram à conversa. Lúcia Dellagnelo não gosta dessa ideia. “Não cabe à escola conduzir ou induzir o jovem a uma carreira. Aqui, a reforma quer dar oportunidades para que o jovem saiba escolher. Na Alemanha, você segue uma trilha e não pode voltar. Aqui damos oportunidade para que ele experimente várias áreas e escolha depois”, disse. Para Lia Glaz, a escola precisa ser repensada no mundo digital. “Temos muita referência internacional, mas nossa ideia é pensar, desenhar junto, pilotar junto.”