Set top box para o DF continuará sem o Ginga

Somente os integrantes do Bolsa Família receberão o conversor com interatividade. A maioria vai receber o zapper, mais barato, mas sem conexão.

O conversor digital a ser distribuído para os integrantes do Cadastro Único do governo no Distrito Federal, um número bem  maior do que apenas aqueles que são beneficiários do programa Bolsa Família, será o mais simples possível, conhecido como zapper, e não oferecerá qualquer possibilidade de conexão ou interatividade.

Segundo o ministro das Comunicações, André Barbosa, os conversores entregues aos beneficiários do Bolsa Família continuam a conter  o Ginga C (o software nacional que permite a conectividade), mas os demais equipamentos virão com a mesma configuração que os distribuídos em Rio Verde, ou seja, sem capacidade para a interatividade, porque a indústria não teria capacidade de fabricá-los. Segundo o conselheiro Rodrigo Zerbone, ainda não foi decidido o que será feito para São Paulo, próxima cidade a ter os sinais desligados, no próximo ano.

Conforme o secretário de Comunicação de Massa do Minicom, Roberto Pinto Martins, o conversor com o Ginga C é único no mundo, e por isso ele precisa ser encomendado para ser fabricado. Com a elevação do dólar, sua fabricação ficou inviável, na quantidade inicialmente imaginada.

Ele custaria nos dias atuais US$ 22 FOB, ou chegaria a US$ 44 no Brasil, ou R$ 180,00. Para chegar na casa do beneficiado, ele não sai por menos de R$ 250,00. Antes, seriam 14 milhões de famílias, quando se planejava o desligamento para da TV analógica no Brasil inteiro até 2018.  Ou seja, só com a distribuição do conversor iria se gastar R$ 3,5 bilhões aos preços atuais. As teles reservaram R$ 3,6 bilhões para pagar todo o processo de digitalização, e não apenas para a distribuição do conversor.  Não haveria dinheiro suficiente.

Com a alteração do cronograma, (agora serão apenas pouco mais de mil municípios que terão os sinais de TV analógicos desligados até 2018), menos residências do Bolsa Família serão contempladas, e por isso foram incluídas as famílias do Cadastro Único. O problema é que essa redução de cidades e a ampliação dos contemplados para o cadastro único ainda não foram confirmados por Decreto Presidencial.”Com esse novo cronograma, a conta fecha, mas, por enquanto, as empresas vão distribuir os conversores para as famílias do cadastro único por sua conta e risco”, afirmou Martins.

Ele disse ainda que a prioridade do governo não é a de desenvolver a conectividade ou a inclusão digital pela TV, pois isso seria colocar o “vagão na frente da locomotiva”. Segundo ele, a política é entregar o produto que o governo vendeu, a faixa de 700 MHz, e entregar a TV digital para a população brasileira.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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