Sercomtel mantém plano de abertura de capital, diz seu presidente
A aprovação, pela Anatel, do edital de venda das outorgas atualmente detidas pela Sercomtel não mudará a estratégia de turnaround traçada pela operadora, que tem como sócio majoritário a prefeitura de Londrina (PR), além de participação de 45% da Copel Participações*.
O presidente da empresa, Cláudio Tedeschi, disse ao Tele.Síntese que está mantido o plano de desestatização, com leilão de ações na B3, entre 10 e 12 de dezembro.
O executivo espera levantar capital suficiente para alterar os índices financeiros que serviram de gatilhos do processo de caducidade em trâmite na Anatel. Para ele, ainda é possível reverter a situação.
“Com o envio do edital para o TCU, o tribunal tem 150 dias para fazer seus próprios cálculos e devolver à Anatel. Esta ainda terá de analisar os pedidos do TCU, para então dar prosseguimento com o processo de caducidade. Então isso [decretação de caducidade] não acontece antes de fevereiro, de março”, diz Tedeschi.
Na decisão da Anatel, o conselho diretor aprova o envio da minuta do edital para aval do TCU. Determina, ainda, que o processo de caducidade das outorgas de STFC, SMP, SCM, LDN e LDI, bem como de uso das frequências de 800 MHz e 1,8 GHz, fique paralisado até a devolução do tribunal.
Montante
Segundo Tedeschi, a empresa tem feito um roadshow entre investidores e outras operadoras para atrair interessados à abertura de capital. Ele esteve em reuniões com todas as quatro maiores teles do país, mostrando os atributos da Sercomtel, que possui 430 mil assinantes de fixo, móvel e banda larga. Nos próximos dias, vai divulgar material em língua inglesa feito para atrair grupos estrangeiros.
Sua previsão é de que em até 20 dias esteja no ar um data room para os interessados acessarem informações sobre o negócio e analisar a viabilidade de se investir na empresa. Ele diz que ainda é cedo para dizer exatamente quanto será preciso levantar na oferta de ações para conseguir reverter os números da Sercomtel. “O valor deve ser um pouco maior que a oferta do grupo Dez de Dezembro, que foi de R$ 120 milhões”, afirmou.
O grupo Dez de Dezembro propôs injetar o valor na Sercomtel no final do ano passado. Há algumas semanas, no entanto, seus executivos afirmaram à Folha de Londrina que retiraram a oferta. “Foi o que eles falaram, mas na prática, ainda não o fizeram”, diz Tedeschi.
A abertura do capital prevê a venda de ações suficientes para que a prefeitura de Londrina transfira o controle da empresa ao novo sócio, e por conseguinte, o comando. A quantidade de ações e a fração do capital que será leiloada ainda está sendo definida, de acordo com Tedeschi.
“A Sercomtel é uma boa empresa, com qualidade. Os problemas com a Anatel sempre se restringiram ao âmbito econômico. Com o dinheiro novo, os números mudam. O que está claro é que o modelo estatal se esgotou. Com restrição de caixa, não temos como competir em investimentos com a iniciativa privada, em um setor de capital intensivo”, afirmou.
*Texto atualizado em 18 de setembro para corrigir o nome da subsidiária da Copel que detém a participação na Sercomtel.