Se malas com R$ 51 milhões fossem em bitcoin, polícia não saberia o dono
A bitcoin deve ser regulada no Brasil, para dar mais garantias ao investidor, defendeu hoje, 13, Rocelo Lopes, CEO da CoinBer empresa de Exchange brasileira, com sede no Paraguai. No entender do executivo, se o Congresso Nacional regular essa atividade, as corretoras que lidam com esse mercado passam a ter mais segurança nas operações e os consumidores, mais garantias. O executivo participou de audiência pública na Câmara.
“Hoje, nós só pedimos o email de nossos investidores, porque não há nenhuma lei que regule esse mercado. Isso quer dizer que as recentes malas com R$ 51 milhões, se tivessem sido transformadas em moedas digitais, a polícia nem ninguém conseguiria saber quem era seu dono”, afirmou o executivo.
Ele defende que a regulação deveria ser feita sobre as corretoras que atuam neste mercado, e ser bem leve, como a recente lei aprovada no Japão, e não como a implementada nos Estados Unidos, que, segundo ele, acabou afastando esse modelo de negócios. “Os Estados Unidos exigiram informações demais dos investidores”, afirmou ele.
Para o diretor da Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras), Antônio Carlos de Sousa, porém, se houver uma regulação, ela deveria ocorrer na transação do mundo virtual para o mundo real. Ou seja, quando a moeda criptografada virasse dinheiro em espécie.
Pirâmide:
Na semana passada o governo Chinês proibiu os tokens, o que fez com que o valor das bitcoins caíssem abruptamente, assinalou o representante da CVM, Jorge Casara. Um token é uma cota de investimento adquirido e resgatado pela bitcoin. E pode estar sujeito aos hackers. Para o executivo, qualquer regulação deverá visar mecanismos de prevenção de fraude e transparência nas operações.
Uma das preocupações de técnicos da Coaf, no entanto, é ter a certeza de que essas bitcoins não funcionarão, na verdade, como uma “pirâmide”, que a qualquer momento pode estourar. Isso porque elas precisam ser “mineradas” na Web. As bitcoins foram criadas por um tal de Satoshi Nakamoto, em 2009, que ninguém sabe quem é ou o que é.
Estima-se que metade do limite de máximo de 21 milhões de bitcoins está sendo negociada atualmente. “A cada descoberta de uma bitcoin, feita pelas empresas mineradoras, mais difícil vai ficando de encontrar as outras moedas virtuais”, avalia esse técnico.