Saúde sai em busca do open health
A digitalização da saúde e o open health certamente estão revolucionando o atendimento ao paciente de maneiras inovadoras, abrindo as portas para o surgimento de novos modelos de negócios e uso de tecnologias que estão transformando a jornada do paciente, com novos procedimentos de atendimento e tratamento. A opinião é dos painelistas que participaram nesta terça-feira, 7, da Mesa sobre o tema de Saúde, no segundo dia de realização do 5×5 Tec Summit.
Para Leandro Sanches, arquiteto de soluções da Red Hat Brasil, hoje o modelo de transformação digital está bastante à frente do que se encontrava antes da pandemia. O que ocorria antes em saúde era apenas uma microsegmentação das plataformas e o mercado estava caminhando no desenvolvimento de aplicativos para o atendimento ao cliente, na marcação de consultas ou exames, por exemplo, mas muito pouco no atendimento remoto.
“De repente muito teve de ser desenvolvido, principalmente para se chegar aos clientes/pacientes? Como as imagens de seus exames poderiam ser acessadas pelos médicos? Como este profissional poderia ter acesso a análise dessas imagens dentro da infraestrutura? Enfim, todos estes caminhos convergem para a nuvem, com suas funcionalidades, conexões, API’s, que só são possíveis graças a ela”, disse o executivo.
Como enfatizou, a nuvem possibilitou que todas as interconexões ocorressem entre a geração até a entrega das informações, promovendo a proximidade entre o paciente e o médico, o acesso à informação médica de grandes centros às pequenas clínicas, ao diagnóstico remoto, ao encaminhamento somente dos casos que realmente necessitavam de urgência mantendo os pacientes em segurança e dentro dos protocolos
“A tecnologia veio ajudar a salvar vidas, melhorar resultados e colocar as análises clínicas e de imagem entre os médicos da mesma rede, ou compartilhando os dados abertos para que outros médicos possam vê-los. Pegar os dados e ter mais chances de diagnóstico preciso dentro de uma situação e diminuir as distâncias”, enfatizou, acrescentando que “grandes avanços se fizeram diante da tecnologia já existente e muito mais ainda virá especialmente em healthcare e outras grandes integrações de informação”.
Segundo Luciano Alves, CEO da Zabbix LatAm, é preciso pensar que a digitalização é transversal, isto é, ela atinge todas as áreas. “Quando se fala de Medicina, de Saúde, a coleta de dados orientados para essa necessidade envolve toda uma cadeia heterogênea, desde governos até hospitais, indústria farmacêutica, postos de saúde, pacientes, já que todos precisam estar relacionados”, observou.
O executivo ressaltou que um padrão aberto de dados, assim como outras padronizações, ajudam a ler melhor as informações. “Como vemos, a informação é granular, e este é um problema da grande fragmentação de informações. Existem muitos silos nas empresas, na cadeia logística, nas indústrias envolvidas e como colocamos todos para conversar?”, questionou Alves.
Ele pontuou que apesar da alta velocidade e da digitalização, o salto comportamental dos envolvidos nesses processos é que levará a verdadeira revolução digital . “Não é só imputar dados nos sistemas, mas como os sistemas beneficiarão o paciente. Como milhões de brasileiros, que já usam dispositivos móveis, poderão se prevenir de contágios e como os profissionais de saúde poderão trabalhar nas curas por mais fragmentadas que estejam essas informações”, ressaltou.
“O grande desafio é sair dos silos e da fragmentação para um ecossistema. Com infraestrutura e sustentação, com 5G e uma preocupação no olhar de como os atores estão preparados para consumir e imputar dados e como as empresas estão se preparando para isso”, finalizou.
Open Health
Vanessa Gordilho, diretora-geral da Qsaúde, falou sobre a realidade de uma empresa nascida digital. “Há um paralelo na Saúde e no setor financeiro, no seu e desenvolvido da tecnologia, quando há anos se falava muito sobre bancarização, hoje se fala de digitalização na área de saúde”.
“A QSaúde possui um modelo híbrido de atendimento, mas durante a recente crise implementamos a telemedicina, para que as pessoas pudessem ter acesso rápido às consultas e atendimento emergencial. Dessa forma, tivemos de investir em reduzir o tempo de coletar dados e transformar a jornada de vida do cliente, normatizar a nomenclatura e a forma com que os diagnósticos são feitos, com foco grande na interoperabilidade de dados. O passo seguinte será, na minha opinião, semelhante à transformação do open bank, no open health”, salientou.
Para ela, o modelo da empresa também privilegia o sistema utilizado na Europa, onde há um atendimento pelo médico único, médico da família, que conhece o paciente e faz um tratamento de forma integrada as especialidades desde a atenção primária, diagnóstico e hospitalização, quando for o caso.
“A disrupção neste caso ocorre também na transformação dos hábitos do consumidor e nos valores que são percebidos de forma diferente pelos usuários”, enfatizou a executiva.