Rossi: A IA não irá muito longe sem escalabilidade da nuvem

Para CEO da 4B Digital, Felipe Rossi, mercado chegou a uma "divisão de águas", e o investimento em inovação vai separar empresas que terão sucesso das que podem desaparecer.
Felipe Rossi é CEO da 4B Digital
Felipe Rossi, da 4B Digital:  “Estamos vivenciando um período de divisão de águas”

Por Felipe Rossi * – Não é segredo para ninguém que a tecnologia do momento é a inteligência artificial. Por meio da sua alta competência na tomada de decisões e criações de insights, a IA já desafia a lógica de funcionamento de diversos setores, da saúde à indústria financeira. Contudo, o avanço vertiginoso das soluções baseadas em machine learning põe em destaque uma necessidade paralela e igualmente crítica: a capacidade de armazenar e processar um volume exponencialmente crescente de dados. É aqui que uma outra tecnologia aparece como uma verdadeira aliada para esse avanço no desenvolvimento da IA: a computação em nuvem.

Atuando não apenas como um facilitador, mas como um pilar fundamental que sustenta a evolução da “parceira”, a cloud é responsável por oferecer toda a infraestrutura necessária para processar e armazenar um volume massivo de dados. Basicamente, se a capacidade de análise e interpretação de informações é o ativo estratégico da IA, a nuvem se revela como o ambiente ideal para suportar esse processo. Tanto é que já é possível dizer que, sem a elasticidade e acessibilidade proporcionadas pelos sistemas remotos, seria praticamente inviável desenvolver e implementar aplicações de IA com o nível de eficiência que observamos atualmente.

Isso porque, a sinergia entre as tecnologias não se limita à mera possibilidade de processamento. A escalabilidade da infraestrutura da computação em nuvem viabiliza o treinamento de modelos de inteligência artificial em grande proporção, acelerando significativamente o ciclo de desenvolvimento e refinamento das soluções. Mais do que isso, a cloud permite uma democratização do acesso às novas aplicações baseadas na ferramenta, reduzindo barreiras de entrada para empresas de todos os tamanhos e viabilizando inovações em um ritmo nunca antes visto.

No entanto, é preciso deixar claro também que a vantagem da integração é uma via de mão dupla. Se por um lado a cloud potencializa soluções baseadas em IA, por outro a tecnologia contribui para o surgimento de serviços em nuvem mais robustos, seguros e com cada vez maior capacidade de processamento. Isso impulsiona o mercado de cloud a inovar constantemente, visando não apenas otimizar a sua eficiência operacional, mas também automatizar processos de gerenciamento e aprimorar a segurança da informação.

A maior prova desse potencial disruptivo está nos próprios números de mercado. Segundo a Gartner, o gasto mundial do usuário final em serviços de nuvem pública está previsto para crescer impressionantes 20,4% neste ano, totalizando US$ 678,8 bilhões em 2024. Impulsionada principalmente pela função essencial junto ao desenvolvimento da IA, as projeções dão conta que, em 2027, os investimentos na área irão ultrapassar US$ 1 trilhão.

Momento de crucial adaptação

A verdade é que a trajetória do mercado de cloud computing atrelada ao avanço da IA é extremamente promissora. À medida que a IA continua a evoluir, espera-se que sua capacidade de analisar dados, automatizar processos e impulsionar a inovação também cresça de forma exponencial. Até como consequência a isso, a demanda por soluções em nuvem mais robustas, seguras e eficientes também irá saltar, estimulando um ciclo virtuoso de inovação e crescimento para ambos os setores.

Contudo, essa jornada não está isenta de desafios. Questões relacionadas à privacidade e segurança dos dados, bem como à sustentabilidade ambiental das enormes infraestruturas de data centers que sustentam os sistemas em nuvem, são algumas das preocupações. Para se ter uma ideia, de acordo novamente com a Gartner, nos próximos dois anos as aplicações de inteligência artificial consumirão mais energia elétrica do que toda a força de trabalho global. E até 2030, cerca de 3,5% de todo o consumo de energia global será destinado a esse fim. Portanto, a indústria precisa não apenas focar no desenvolvimento tecnológico, mas também na implementação de práticas éticas e sustentáveis para a usabilidade dos sistemas.

Apesar desses desafios que devem ser enfrentados, tornou-se evidente que estamos vivenciando um período de divisão de águas – de forma similar à seleção natural proposta por Darwin. Ou seja, as empresas que reconhecerem e investirem nessa sinergia estarão na vanguarda da inovação e, certamente, preparadas para aproveitar as novas oportunidades e superar os obstáculos do futuro digital. Por outro lado, aquelas que não se adaptarem correm o risco de declinar e, até mesmo, desaparecer. O caminho à frente é complexo e exigirá investimento contínuo, mas as recompensas prometem transformar indústrias inteiras e alterar completamente a maneira como vivemos.

*Felipe Rossi é CEO da 4B Digital, principal fabricante de tecnologia em nuvem do país. Com mais de 15 anos de experiência no mercado, é arquiteto de Cloud e Operações e especialista em Operações escaláveis e Cloud.

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