Rodrigo Abreu, da Oi, vai para o paredão. Em seu lugar assume Affonso Bandeira

Rodrigo Abreu deixa o cargo de CEO da Oi. Será substituído por Matteus Afonso Bandeira, um dos membros independentes do Conselho de Administração da operadora. 

Rodrigo Abreu, CEO da Oi - Crédito: Divulgação

Rodrigo Abreu deixa o cargo de CEO da Oi. A empresa informou ontem, 18, ao mercado, que o conselho de Administração decidiu não renovar o seu mandato de dois anos, que termina no final do mês. Será substituído por Matteus Afonso Bandeira, um dos membros independentes do Conselho de Administração da operadora.

Rodrigo Abreu continuará no Conselho de Administração da Oi, negociando com os credores a segunda condução do processo de recuperação judicial da empresa, e, conforme o comunicado, Afonso Bandeira ficará no comando da companhia até que seja concluído o processo de negociação com os credores.

A Oi, que, está em segunda recuperação judicial, é uma das patrocinadoras oficiais do BBB 24, Big Brother Brasil 24, o que deixou diversos analistas de mercado sem entender a razão dessa participação. Conforme o site “Nord Investimentos”, por exemplo, ” o patrocínio do BBB 24 poderá comprometer ainda mais a situação financeira da empresa, que atravessou um forte movimento de renegociação de suas dívidas com credores, venda dos ativos na tentativa de estancar o sangramento dos juros altos (despesas financeiras) de suas dívidas, mas até o momento, a situação ainda é muito ruim para a empresa de telecomunicação”.

Em dezembro do ano passado, a operadora informava ao mercado que iria adiar a assembleia geral de credores que devem votar o novo plano de recuperação judicial, para fevereiro deste ano. “As Recuperandas se comprometem a praticar todos os atos a fim de que a Assembleia Geral de Credores ocorra no mais tardar até o final do mês de fevereiro de 2024”, diz sentença da juíza Caroline Rossy Brandão Fonseca, da 7ª Vara Empresarial do TJ-RJ.

A assembleia estava prevista para acontecer em dezembro de 23. Mas a operadora tem mais de 160 mil credores, conforme a lista enviada ao tribunal da recuperação judicial. E está neste momento em processo de “individualização” dos bondholders, cujo edital foi publicado dia 5 de dezembro e tem prazo de 40 dias para resposta dos interessados.

Fato

No fato relevante, a empresa lembra que o executivo liderou a  transformação da companhia e seu plano de recuperação até aqui, incluindo a definição estratégica de foco no negócio de fibra óptica, criação da unidade Oi Soluções, venda de diversos ativos, redução significativa dos custos operacionais, discussões com a Anatel para a resolução do tema do reequilíbrio da concessão de Telefonia Fixa (“STFC”) e início das atuais negociações com credores visando a sustentabilidade de longo prazo da companhia.

Já Mateus Affonso Bandeira, por sua vez,  liderava até então o Comitê de Gente, Nomeações e Governança. É também Conselheiro da Vibra Energia, Intelbrás e Marcopolo, e já foi CEO da Falconi Consultoria e do Banrisul, tendo ainda desempenhado a função de secretário do Governo do Rio Grande do Sul.  Mateus Bandeira possui formação acadêmica pela Universidade Católica de Pelotas e Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com MBA e especializações na Wharton School e Harvard Business School.

A RJ

Rodrigo Abreu assumiu o comando da Oi em dezembro de 2019, no lugar de Eurico Teles, com o maior processo de Recuperação Judicial da história do Brasil já em andamento. Foram seis anos, e negociação de R$ 60 bilhões em dívida. Ao fim desse processo, Abreu, em entrevista aos jornalistas, em dezembro de 22, afirmava:  “Desenvolvemos e temos executado um Plano Estratégico de Transformação que aponta para uma nova missão e visão e nos devolve a ambição de conquistar a liderança de mercado nas áreas em que atuamos”. Em março de 2023, a Oi ingressa com novo pedido de recuperação judicial. Os minoritários, mais uma vez, foram surpreendidos com a operação.

Com a venda dos principais valores da empresa – operação de telefonia móvel, clientes de celular, operações internacionais, venda da rede fixa de banda larga- a Oi tornou-se sócia do banco BTG na empresa de rede neutra V.Tal e passou a vender acesso de banda larga fixa em fibra óptica, além de ser obrigada a manter a rede e o serviço de telefonia fixa, uma obrigação contratual até o fim de 2025. Partiu também para a oferta de serviços profissionais de TI. Mesmo assim, continua com patrimônio líquido negativo há mais de dois anos.

V.Tal

Na semana passada, informamos que a V.Tal, empresa que é hoje o principal ativo da Oi, irá realizar uma grande reestruturação em seu quadro de pessoal, com a demissão de centenas de trabalhadores. Fontes do mercado informam que há até mesmo revisão nas metas da Oi, que pretendia chegar a 35 milhões de casas passadas (HM), mas que esse número foi revisado para baixo porque, a princípio, a empresa não estaria conseguindo competir em preços com os concorrentes.

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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