Réplicas digitais estão em vários setores para diferentes objetivos
Réplica digital ou gêmeo digital, modelo virtual de um processo, produto ou serviço, foi tema do último dia do painel “Digital Twins in a Mirror World”, no MWC22. Trata-se de uma tecnologia que proporcionará o usuário “sentir” os ambientes. Também vai permitir antecipar, como a ajuda da réplica digital o que vai ocorrer ao gêmeo real. As réplicas digitais estão em vários setores para diferentes objetivos.
Um exemplo do uso dessa tecnologia no setor de telecomunicação foi apresentado pela diretora da Ericsson, Claudia Garcia. A operadora suíça Swisscom, segundo ela, criou uma réplica digital da sua rede de telecomunicações para testar medidas de redução de potência de transmissão. A ideia era diminuir o consumo de energia sem afetar a experiência do usuário, e também elaborar um modelo de manutenção preventiva. Com isso, a empresa conseguiu reduzir o consumo de energia em 30%.
Garcia explicou que antes desse projeto, a cada dez visitas de técnicos a uma torre da Swisscom para manutenção ou conserto, era necessário fazer uma revisita depois para ajustar algo que não tinha sido feito corretamente.
Um gêmeo digital, afirma a vice-presidente de AR e VR da Unity, Timoni West ajuda pessoas e empresas a tomar decisões mais fundamentadas com o objetivo de economizar tempo e reduzir custos. West disse que a maioria dos gêmeos digitais usa a combinação de aprendizado de máquina, dados de sensores e 3D em tempo real para gerar simulação digital de qualquer entidade física. “Os gêmeos digitais têm um grande apelo e alcance em todos os setores, incluindo manufatura, comércio eletrônico, arquitetura ou aeroespacial. Todas essas indústrias enfrentam os mesmos desafios que é a necessidade de ter pessoas em todas as disciplinas e locais para projetar, projetar, construir, vender e operar, além de manter esses sistemas físicos complexos”, explica.
Realidade aumentada e virtual
A Unity usa realidade aumentada e realidade virtual em seus gêmeos digitais, que não são, necessariamente, dependentes das tecnologias. AR e VR possibilitam ao usuário uma maneira mais fácil de compreender dados em tempo real, em vez de simplesmente olhar para uma tela de computador. “Se construo um prédio, a AR pode me ajudar a mostrar o projeto para outras pessoas em tempo real, diretamente do local”, explica Timoni.
Outro exemplo apresentado durante o painel foi o de gêmeos digitais de apartamentos no Japão, que não é apenas um modelo 3D para visitação virtual, mas também consiste na adição de uma série de informações detalhadas sobre todos os eletrodomésticos presentes no local, como ano de fabricação, data de instalação, horas de uso, previsão de quando precisará ser trocado. “Ao alugar um apartamento, você sabe o que vai precisar reformar, consertar. Isso te dá uma noção melhor de avaliação do negócio”, exemplifica Biju Nair, presidente de connected living da Assurant.
As réplicas digitais também são úteis para testar e aperfeiçoar modelos de inteligência artificial antes que sejam aplicados no mundo real, destacou Tommy Bjorkberg, diretor da ZTE. Em um futuro próximo, Bjorkberg afirma que surgirão plataformas de construção de réplicas digitais especializadas em determinados casos de uso, em setores específicos, o que vai ajudar a democratizar a tecnologia.
Papel do 5G
O 5G é fundamental para réplicas digitais por ser uma rede capaz de entregar uma grande quantidade de dados em alta velocidade e baixa latência.
“Na pandemia percebemos que dependemos de dados históricos, mas que estes podem mudar rapidamente. Por causa da Covid-19 a lista de produtos mais procurados mudou completamente em uma semana. Por isso, é importante ter streaming de dados em tempo real para que sejam tomadas as decisões certas”, disse Tejas Rao, diretor operacional de cloud first networks, da Accenture.