Renda fixa ganha espaço, mas diversificação está no radar

Para participantes do MKBR22, promovido pela Anbima e B3, é natural que parte vá para a renda fixa, mas defendem outros ativos na carteira.
Renda fixa ganha espaço, mas diversificação está no radar - Crédito: Freepik
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Com os juros globais em alta na tentativa de controlar a inflação, a renda fixa voltou ao radar dos investidores e vem ganhando espaço nas carteiras de investimentos. Embora o movimento, na visão dos especialistas, faça sentido, manter um portfólio diversificado segue relevante pensando em oportunidades que surjam na renda variável.

Essa é a opinião dos especialistas que participaram nesta quarta-feira, 21, de painel no MKBR22, evento organizado pela Anbima e B3. Segundo os executivos, o cenário incerto gera dúvidas nos investidores que precisam rever suas carteiras, mas sem abrir mão da diversificação.

O cenário desafiador, destaca o gerente de Representação e Distribuição da Anbima, Luiz Henrique Carvalho, vem sendo marcado por vários fatores que impactam no dia a dia dos investimentos e obrigam a uma revisão das carteiras.

“Foram dois anos difíceis, com uma taxa de juros saindo de 2% ao ano, um patamar histórico, para os atuais 13,75%, sem falar na Guerra da Ucrânia e na covid-19, que levaram a uma inflação global forçando a um aperto monetário”, comenta Carvalho, acrescentando que o conjunto de fatores mudou a perspectiva dos investimentos.

Dentro deste cenário, os participantes do painel foram unânimes ao destacar que as oportunidades claras de um ganho maior e com pouco risco na renda fixa têm atraído cada vez mais o interesse dos clientes.

Para Marília Fontes, sócia-fundadora da casa de análises de investimentos Nord Research, todo o conjunto de mudanças no ambiente macro dos últimos anos deve sustentar juros mais altos e por mais tempo do que se supunha.

“Foram décadas de juro baixo global e ativos de risco, como ações ganhando espaço, mas agora o movimento é inverso, e o investidor precisa readequar a carteira adicionando papéis de renda fixa, que tem risco menor e hoje é bem remunerada”, comenta.

A visão de que quem há quatro ou cinco anos engordou os portfólios com ativos de risco perdeu dinheiro não é totalmente correta, pondera Luciane Effting, head da área de Distribuição de Investimentos do Banco Santander.

“Quem fez a alocação com uma assessoria adequada e respeitando o perfil e a diversificação necessária, sempre olhando o longo prazo, passou melhor pelos desafios dos últimos dois anos. Foi pior para quem apenas seguiu uma tendência, sem respeitar a diversificação. É natural que parte do portfólio vá para a renda fixa, mas mantendo outros ativos na carteira. Vejo o investidor mais maduro neste sentido.”

Posição também defendida por Carvalho, da Anbima. “É importante aproveitar oportunidades de ganhos com o juro alto, mas mantendo parte do portfólio em bolsa, em renda variável, porque faz sentido no médio e longo prazo”, comenta acrescentando em favor da diversificação a importância de a indústria se comunicar melhor como investidor, relacionando o portfólio com objetivos reais do cliente, em diferentes horizontes de tempo.

Milhões de caixinhas

Um exemplo de iniciativa neste sentido vem do Nubank que criou “caixinhas” para que o investidor consiga associar a alocação com seus planos reais. “Recebíamos pedidos de pessoas que queriam separar o dinheiro e lançamos em julho as ‘caixinhas’ que podem ser criadas para viagem, reserva de emergência ou outra finalidade. Em um mês, foram 2,2 milhões de caixinhas criadas e 1,8 milhões de investidores utilizando, muitos que jamais tinham investido”, explica Fernando Miranda, vice-presidente de investimento do Nubank.

Luciane Effting reforçou a importância de os bancos e as corretoras empreenderem esforços para ajudar o brasileiro a criar o hábito de poupar, o que exige falar de investimento de forma mais simples.  Otimista, ela lembrou que vê o investidor mais consciente e maduro nos últimos anos, buscando sim conhecer novas oportunidades de investimentos que incluem ativos do exterior. “A regulação ajudou e hoje ativos como BDRs, ETFs e fundos que investem no exterior têm espaço nas carteiras o que é muito positivo. O importante é aproveitar a renda fixa em alta, mas mantendo a diversificação.”

(com assessoria)

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Redação DMI

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