Redes neutras de TIM e Oi venderão até instalação do ponto na casa do cliente

Empresas avaliam diferentes modelos, mas defendem que ao se tornarem responsáveis também pelo acesso final conseguem compartilhar os custos com mão de obra, com instalação e manutenção. American Tower foca atendimento até a última milha.

A rede neutra de acesso fixo em banda larga que a TIM vai criar nos próximos meses, assim que encontrar um sócio, não apenas vai construir a última milha, como será capaz de ofertar também o serviço de instalação do acesso, de acordo com o CTIO da operadora, Leonardo Capdeville.

“A Infraco que pretendemos criar vai da OLT até a casa do cliente”, resumiu o executivo hoje, 24, em live realizada pelo site Teletime.

Segundo ele, a proposta trará economia às empresas que desejarem usar a infraestrutura neutra da companhia. “Conectar o cliente e manter a last mile é a parte mais pesada da operação do FTTH. [Ao oferecer todo o serviço], o retorno pra quem usar a rede pode ser mais interessante”, disse.

Pelo modelo, explicou Capdeville, há uma diluição dos custos com equipes de instalação e manutenção.

A estratégia para rentabilização da rede não vai se restringir à oferta do serviço de banda larga ao consumidor final, acrescentou. A ideia é que a mesma fibra seja capaz de conectar o cliente, mas também fornecer a conectividade a estações 5G, funcionando como backhaul da rede móvel, ou prestar serviços de conexão dedicada a pequenas e médias empresas.

Oi terá de tudo

Já Rogério Takayanagi, CSO da Oi, diz que a Infraco da concessionária terá um perfil mais abrangente. Prevê também a venda de serviços de manutenção, mas diz que a ideia é atender a todo tipo de cliente, desde outras operadoras que precisem de rede de transporte, a provedores que estão começando os negócios e precisam de um pacote mais completo de serviços.

Todos os modelos, contou, já estão na mesa e sendo negociados com diferentes empresas no mercado, uma vez que no ano que vem a Oi fará a venda do controle da UPI Infraco, iniciando a operação de forma completamente separada da unidade de serviços legados em cobre, concessão de STFC e atendimento ao usuário.

O executivo concorda com Capdeville, quando este enumera as economias existentes quando a operadora neutra também é responsável pela instalação no cliente. “Esse tema do time de campo é um diferencial muito grande. A capacidade de execução é muito importante. Tem a sinergia de custo. Aproveitar times espalhados pelo Brasil é mais sinérgico do que ter times para cada operadora”, afirmou. E lembrou que a empresa está em 5 mil cidades, portanto já tem um time técnico em cada local.

Takayanagi diz que a Oi tem um dos índices mais baixos de falhas após a instalação. E que a operadora pretende capitalizar isso em suas ofertas pela Infraco.

Na preparação para constituir a nova unidade, ele contou que há times trabalhando na recriação de todos os processos internos e externos para instalação e atendimento. “Estamos reconstruindo a jornada completa do cliente, tanto no serviço, como na parte do atacado – usando neste caso APIs para conexão das empresas clientes com segurança”, falou.

American Tower se definiu

A American Tower, que entrou no mercado de redes neutras fixas com a compra da Cemig Telecom em 2018, já definiu que seu modelo é de venda da rede neutra até a última milha. A partir dali, a infraestrutura de acesso fica a cargo do contratante.

“A gente não vai fazer o drop. Em estruturas verticais, entramos até a prumada. Mas em uma topologia horizontal, vamos até o ponto de preconectorização”, explicou Abel Camargo VP de estratégia da empresa.

Como os demais, Camargo concorda que a infraestrutura neutra deverá ser multiacesso, atendendo não apenas o cliente final, mas uma infinidade de oportunidades. “É importante ser usada para diversos serviços. A gente já imagina que as caixas nas cidades possam ter fibras ou feixes de luz para atender a 5G, e mercado B2B que não pode rodar em GPon. Hoje, a mesma OLT pode ter placas de outras tecnologias que dá links de 1 Gbps, 2 Gbps. Então essa infraestrutura tem que ser ampliada para outros serviços. O SLA da rede móvel é diferente da Gpon, mas é possível separar a luz para dar serviços diferentes”, resumiu.

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Rafael Bucco

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