Rede privativa: 5G pode custar até quatro vezes mais que WiFi

Estudo da ABDI e Grupo WEG prevê redução gradual do preço de operação da rede móvel até 2027; por isso, maior adesão da nova tecnologia na indústria só deve ocorrer entre dois a três anos.

(Crédito: Freepik)

Teste prático da rede privativa com 5G na indústria aponta que a nova tecnologia apresenta capacidade 12 vezes maior que o WiFi e traz benefícios compensatórios a médio e longo prazo, no entanto, sua implementação esbarra no custo. A análise comparativa entre as duas redes mostra que os valores de operação da conexão móvel, conforme praticados atualmente, pode ser até quatro vezes maiores e teria que reduzir, em média, ao seu terço para uma equiparação econômica.

Os dados fazem parte do relatório técnico do projeto Open Lab 5G WEG-V2COM, realizado em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e acompanhamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que testou o 5G para soluções industriais, com base no Release 15 do 3GPP. Os testes tiveram suporte técnico da Qualcomm, rede privativa mista (integrada) da Claro e infraestrutura independente da Nokia.

O estudo também mostrou que os benefícios da adoção do 5G a médio e longo prazo compensam o investimento e que a rede se comporta dentro do esperado em diferentes distribuições de pontos e número de dispositivos. Os modelos devem se adequar ao porte da empresa (saiba mais abaixo).

A previsão dos especialistas é de que os preços caiam, gradualmente, até 2027 e que a adoção do 5G pela indústria cresça principalmente daqui a dois ou três anos.

Custo de operação

O estudo de viabilidade econômica da rede privativa com 5G na indústria, do ponto de vista de infraestrutura, mostra que a principal variável é a relação “Ponto conectado por Rádio 5G”. Os valores envolvem os preços de equipamentos e operação.

“Os grandes ofensores” para o custo são o CPE (Customer Premises Equipment, ou equipamento dentro das instalações do cliente) e o valor dos licenciamentos anuais, o que não existe para o WiFi. 

Custo-benefício

Para analisar o custo-benefício, o estudo considerou dois cenários. Um deles é baseado em casos de uso atuais da fábrica da WEG Drives & Controls (WDC), em Jaraguá do Sul (SC), testando dois robôs logísticos, seis esteiras inteligentes e 32 kits para automação do maquinário de injeção.

A partir dos resultados, o relatório destaca que as redes WiFi são mais econômicas que as redes 5G para os casos de uso atuais que não requerem alto Throughput ou baixa latência. No entanto, o número de antenas de WiFi necessárias para suportar múltiplos pontos pode inviabilizar a operação dado a interferência gerada. Além disso, o crescimento de pontos em WiFi implica em um aumento exponencial de equipamentos físicos e rotinas lógicas. 

O estudo observa ainda que apesar do 5G ser uma alternativa não tão econômica quanto WiFi,  ele já alcança o ponto de equilíbrio a partir do segundo múltiplo de pontos. Veja abaixo:

 

 

O relatório também projetou o custo-benefício para casos de uso a serem habilitados pelo 5G, com computação visual e realidade virtual imersiva. O cenário analisado foi o mesmo dos casos de uso atuais da Fábrica WDC, adicionando um robô de inspeção com Realidade Virtual Imersiva.

A análise concluiu que “além da multiplicidade de pontos, é importante a inserção de casos de uso que utilizem as vantagens absolutas do 5G Release 15 como baixa latência em comparação ao WiFi e alto Throughput”.

Os resultados aferidos foram:

 

Modelo deve se adequar

A partir dos resultados, o relatório recomenda o uso do 5G para indústrias novas (Green field), onde se deseja conectar múltiplos pontos. Já para indústrias existentes (brown field), ressalta que “o 5G é vantajoso somente em casos em que se deseja conectar mais de 500 pontos, patamar em que o custo operacional por ponto se equilibra (0,0027 versus 0,0025)”.

Há orientações diferenciadas também a depender do porte da empresa, sendo:

  • Redes 5G Privadas Integradas com Packet Core Remoto: mais recomendado a empresas de pequeno e médio porte que já se apoiam em serviços tecnológicos terceirizados ou com equipe interna limitada; ou grandes indústrias que desejam experimentar o 5G antes de decidir por um modelo de topologia mais completo. 
  • Redes 5G Privadas Integradas com Packet Core Local: melhor para grandes empresas que tem como prática a aquisição de serviços tecnológicos de parceiros, ou que apesar de possuírem times internos de TI não possuem maturidade técnica para operar tal rede. Em contrapartida,  é um modelo que pode ser mais oneroso para indústrias que tendem a ser mais verticalizadas e ter um BackOffice tecnológico eficiente e flexível internamente.
  • Redes 5G Privadas Independentes: mais recomendado a empresas de grande porte com time de TI já estabelecidos e que desejam inovar em plantas fabris novas ou realizar uma digitalização massiva em plantas existentes.

Teste: capacidade 5G vs. WiFi

O relatório do teste também mostra as melhorias permitidas pelo 5G em comparação ao WiFi nas indústrias.Veja:

 

 

Acesse o relatório completo neste link.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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