Re-percepção é a palavra de ordem da inovação
A re-percepção, termo criado pela futurista Amy Webb, que se traduz na habilidade de líderes de inovação ver, ouvir e tomar consciência de algo novo a partir de informações já existentes, torna-se mandatório no mundo atual.
“Em se tratando de inovação é preciso estar atento a algo que os outros deixaram passar”, disse Tiago Aguiar, superintendente de inovação e novas plataformas da TecBan, durante o InnovaWeek TecBan, que se propõe a levar conteúdo inovador ao mercado ao longo desta semana.
Recém chegado do South by Southwest (SXSW) – considerado um dos mais longevos festivais de inovação e tecnologia do mundo, que ocorre em Austin, no Texas, EUA, desde 1987 – Aguiar chama a atenção para a importância de líderes de inovação, que trabalham com as incertezas e ambiguidades do mundo atual, olharem para as tendências tecnológicas sem críticas exacerbadas.
Inteligência Artificial, Metaverso, Web3 e a Biologia Sintética, segundo ele, estão entre as principais tendências tecnológicas traçadas pela futurista Amy Ebby em seu famoso relatório, já considerado um “hit” do SXSW.
Onde vai parar a IA?
Considerando o estágio de evolução das pesquisas em IA, que contam com milhões de dólares investidos pelas empresas de tecnologia, o reconhecimento facial já parece se tornar algo trivial. Estudos mostram que já é possível conhecer as pessoas pelo batimento cardíaco ou mesmo pelo movimento de sua respiração, características únicas de cada indivíduo.
Para Aguiar a inteligência artificial está cada dia mais próxima de tomar suas próprias decisões e determinar atos que podem mudar nossa percepção da realidade. “No Metaverso haverá pessoas reais e avatares, como distinguir quem é quem”, observou.
Em pesquisas realizadas durante o SXSW, cerca de 80% dos participantes se mostraram pessimistas com relação ao rumo que tem tomado a tecnologia e consideram que a fake news tem tomado conta do mercado. “Atualmente, imagens e vídeos falsos estão sendo usados para estimular a polarização e o controle. É importante que regras sejam criadas, pois a briga hoje é pelo controle da internet”, alertou.
Evolução da internet
Criada nos anos 60, a internet 1.0 era mais usada pelas universidades fazerem o compartilhamento de arquivos e permitia apenas a leitura dos documentos. A versão 2.0, por sua vez, trouxe a possibilidade dos usuários lerem e editarem os materiais; enquanto a internet 3.0 vai mais além, ao permitir que os usuários possuam os dados e decidam com quem compartilhá-los.
“Não é à toa que as grandes nações já estão atentas à necessidade da retomarem o controle da internet, que hoje está nas mãos das bigtechs. Essa é a briga do momento”, disse o executivo.
Metaverso imersivo
Com relação aos NFTs, Aguiar acredita que os colecionáveis digitais e terrenos digitais não serão tendências no longo prazo. “Isso vai passar, pois o importante é a infraestrutura que está sendo criada por trás de tudo isso”, afirmou.
Segundo ele, o metaverso é um termo para todas as tecnologias que criam pontes entre o mundo físico e virtual. “Vão existir vários metaversos que tendem a funcionar em um primeiro momento como ilhas, até oferecerem a uma experiência mais imersiva.”
A questão que se coloca é se haverá necessidade de se criar várias identidades virtuais para entrar em cada um desses ambientes ou apenas uma identidade basta para ter acesso a todos. “A ideia é ter uma única maneira de nos autenticar e que será imutável.”
Aguiar encerra sua apresentação com algumas lições para encarar as novas tendências. “É preciso procurar os sinais emergentes de mudança, as tendências tecnológicas e praticar a percepção todos os dias”, concluiu.