Qualcomm anuncia novos chips e diz que 5G vai se popularizar (lá fora) em 2020
O brasileiro Cristiano Amon, presidente da Qualcomm, abriu hoje, 3, o evento anual de lançamentos da empresa, que acontece ao longo da semana no Havaí (Estados Unidos), com uma previsão: afirmou que serão vendidos 200 milhões de aparelhos 5G mundo afora em 2020, e em que 2025, serão 2,8 bilhões de usuários da tecnologia.
Enquanto por aqui ainda se espera a definição de data para o leilão de frequências que serão destinadas para a 5G, lá fora, o executivo espera que 2020 seja o ano de popularização da tecnologia, principalmente em países como Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão, que já contam com redes comerciais do tipo em funcionamento.
A fim de garantir sua posição de líder no mercado de modems móveis, a Qualcomm anunciou novos chips, mais baratos, na expectativa de colocar o 5G e mais dispositivos no ano que vem. A companhia lançou duas novas séries de chipsets, uma na linha 8, usada em aparelhos mais sofisticados, e portanto mais cara, e outra na linha 7, focada em aparelhos intermediários.
Foram mostradas as plataformas Snapdragon 865, que virá com o já conhecido modem X55, além das plataformas Snapdragon 765 e 765G (com foco em games). Todas destinadas a equipar aparelhos com sistema operacional Android.
Os detalhes técnicos dos novos produtos não foram revelados. Espera-se que tragam recursos mais avançados para aplicação de 5G, inteligência artificial e módulos para equipar aparelhos de internet das coisas, suporte a vídeo em resolução 8K e câmeras com sensores de até 200 MP. A empresa diz que apresentará os detalhes amanhã.
Mas os interessados já despontam. As operadoras Verizon e Vodafone incluíram os chips em seus programas de certificação, inclusive novas versões modulares, até então inéditas nas linhas Snapdragon. Entre os fabricantes que vão desenvolver aparelhos em torno das novas plataformas da Qualcomm estão Lenovo/Motorola, Xiaomi, Oppo, HMD (que usa a marca Nokia em celulares). Tanto Motorola, quanto Xiaomi, prometeram lançamentos com os novos chips já no começo do ano.
A Qualcomm anunciou ainda uma nova tecnologia para reconhecimento de impressões digitais que, diz, não é apenas mais rápida, como capaz de fazer a leitura de dois dedos simultaneamente e em uma área maior dos aparelhos. Tal sistema seria mais seguro que os atuais leitores de digitais de área reduzida e um único dedo.
Antena não será problema
Amon também afirmou durante sua apresentação que há equívocos quanto à capacidade de cobertura da 5G. Segundo ele, uma nova tecnologia batizada de dynamic spectrum sharing (algo como compartilhamento dinâmico de espectro) permite que a 5G alcance uma área de cobertura equivalente a 96% da área hoje coberta com LTE, usando as torres já existentes e espectro multimodal abaixo de 6 GHz. Já com espectro de ondas milimétricas (acima de 24 GHz), usando as mesmas torres existentes hoje, seria possível cobrir 65% da área coberta por LTE.
Ele também minimizou os temores de que as ondas milimétricas sejam muito suscetíveis a barreiras. Apresentou cálculos de que conexões sem barreiras de 1 Gbps ainda chegariam aos usuários com velocidade de 200 Mbps ante obstáculos. Segundo ele, inicialmente, a 5G usará as frequências mais baixas e intermediárias, enquanto as ondas milimétricas serão aplicadas onde o alto desempenho é mais importante, o que não seria a maioria dos casos.
A seu ver, portanto, a transição da 4G para a 5G será mais fácil do que estimavam muitas das operadoras, com menor necessidade do que o inicialmente estimado de implantação de novos sites. “Claro, será preciso renovar as estações, mas usando-se as mesmas torres”, disse.