Provedores do DF se manifestam contra cortes de cabos pela Neoenergia

Pelo menos três ISPs tiveram as redes cortadas, informou a associação local Aspro ao TS; distribuidora, por sua vez, diz que remove apenas cabos que colocam a população em risco
Provedores do DF divulgam nota de repúdio contra cortes cabos ópticos pela Neoenergia
Provedores do DF divulgam nota de repúdio contra cortes de cabos de telecom pela Neoenergia (crédito: Freepik)

Provedores de serviços de internet (ISPs) do Distrito Federal se manifestaram, nesta terça-feira, 4, contra a distribuidora de energia Neoenergia em função da remoção de cabos de telecomunicações de postes. Em nota de repúdio, a Aspro, associação que representa os prestadores de acesso à internet, pede que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) “intervenha e tome medidas cabíveis”.

A entidade alega que a Neoenergia tem cortado de forma indiscriminada os cabos de telecom dos postes no DF. Dessa forma, diz que a distribuidora descumpre medidas impostas pela Justiça e as regulamentações vigentes das agências reguladoras dos setores de telecom (Anatel) e energia elétrica (Aneel).

“A Neoeenergia tem cortado as redes de provedores que possuem contratos vigentes com a concessionária, que pagam regularmente seus aluguéis e, mesmo assim, têm suas redes arbitrariamente cortadas”, diz a Aspro, em trecho da nota. “Essa prática abusiva e injustificada representa uma grave violação dos direitos dos provedores e dos consumidores”, acrescenta.

No mesmo manifesto, a associação ainda ressalta que “é fundamental que a Aneel cumpra seu papel de regulador e protetor dos interesses da sociedade, garantindo que práticas tão lesivas não sejam permitidas”.

Impacto dos cortes

Em conversa com o Tele.Síntese (TS), Rodrigo Oliveira, presidente da Aspro, informou que a maioria dos casos de corte de cabos tem acontecido na região administrativa da Taguatinga. Segundo ele, pelo menos três ISPs tiveram suas redes cortadas, o que afetou “milhares” de assinantes do serviço de banda larga.

“Ela [Neoenergia] não respeita o contrato nem a liminar. Tentamos contato, mas não responde. Pedimos para marcar reunião, mas diz que é um caso isolado. Não é, porque isso vem acontecendo de forma recorrente”, afirma Oliveira.

O dirigente reforça que os cabos de backbone removidos são de provedores regularizados, com contratos vigentes e com pagamentos em dia com a distribuidora. No DF, o preço da fixação da fibra no poste varia de R$ 14 a R$ 15, de acordo com a Aspro.

Em julho do ano passado, conforme solicitação da associação, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) concedeu uma liminar para impedir a Neoenergia de cortar cabos ou rescindir contratos unilateralmente.

Outro lado

O TS entrou em contato com a Neoenergia. Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, a distribuidora informou que tem se limitado a remover cabos ópticos que gerem algum tipo de risco.

“Informamos que somente são retirados cabos que colocam em risco a segurança da população do Distrito Federal, como determinam a liminar judicial citada e a Resolução 1044/2021 da ANEEL que dispõe sobre o compartilhamento de infraestrutura”, assinala a companhia.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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