Provedores apontam cenário desolador e problemas com roaming no RS

Abrint e Internetsul exaltam esforços dos provedores locais, que estão religando redes ainda submersas no Rio Grande do Sul

A Abrint e a Internetsul, duas entidade representativas de provedores regionais, se manifestaram nesta quarta-feira, 15, para exaltar o esforço de reconstrução de pequenos ISPs no Rio Grande do Sul, afetados por chuvas e enchentes há quase duas semanas.

O diretor presidente da Abrint, Mauricélio Oliveira, resumiu nesta quarta-feira, 15, o sentimento de provedores de internet a respeito da última informação divulgada pelo Ministério das Comunicações, de que o Rio Grande do Sul estaria com a conectividade restaurada. Conforme a Pasta, nenhuma cidade do estado estaria mais 100% desconectada, e teria algum nível de serviço fixo ou móvel.

“A notícia é parcialmente verdadeira. Embora o serviço tenha sido restabelecido, a qualidade da conexão via roaming ainda não atende as necessidades básicas da população, que continua insatisfeita”, afirma o dirigente.

Mauricélio Oliveira | Diretor Presidente da Abrint
Mauricélio Oliveira | Diretor Presidente da Abrint

A conexão via roaming foi liberada por Claro, TIM e Vivo para que seus clientes utilizem a rede da rival, caso a rede de origem não esteja disponível. Até segunda, ainda havia cidades onde nenhuma rede móvel funcionava. Mas na terça todas as cidades tinham algum sinal e, portanto, possibilidade de uso em roaming entre as três.

No entanto, as redes seguem pressionadas pois não estão completamente restauradas – nem a fibra óptica, nem as estações móveis. Conforme dados de hoje da Anatel, a Claro ainda não tinha recuperado sua rede em 24 municípios do Rio Grande do Sul; a TIM, em 55; e a Vivo, em 52.

Também falta ainda o compartilhamento do roaming com operadoras virtuais que atuam na região. Segundo a Anatel, o problema identificado não seria concorrencial, mas técnico. “Em relação ao Roaming para as MVNOs, nunca havia sido feito em crises anteriores. Neste caso apareceu a demanda e existem tratativas em andamento envolvendo Anatel, MNOs e MVNOs, sendo que há um custo inicial técnico (não de recursos financeiros, mas de discussões técnicas e ações de parte a parte) para o estabelecimento. Uma vez estabelecido, entende-se que será absorvido para próximas situações de emergência”, afirma Gustavo Borges, superintendente de controle de obrigações da agência.

Segundo ele, o compartilhamento de roaming entre as três já era um procedimento previsto por ter sido utilizado em outras crises, e por isso pode ser acionado com mais agilidade. “Existe um protocolo firmado entre Anatel e MNOs da abertura de roaming em situações de emergência, e a cada crise vamos tornando isso mais rápido e consistente”, completa.

Papel dos provedores

Para Mauricélio, da Abrint, é importante destacar o trabalho dos prevedores regionais na recuperação das redes utilizando geradores, barcos e jet skis. “Eles têm mantido as redes operando mesmo em áreas alagadas. Graças a esses provedores, os serviços essenciais como abrigos, hospitais, escolas e órgãos públicos continuam funcionando. Queremos ressaltar a importância desses pequenos prevedores neste momento difícil que o Rio Grande do Sul enfrenta. Eles são verdadeiros heróis na manutenção da conectividade em tempos de crise tão difíceis”, afirma.

Alexandro Schuck, conselheiro da InternetSul, entidade que reúne ISPs da região, concorda. Segundo ele, a atuação dos provedores regionais deve ser reconhecida. “Muito além de enviar aparelhos, como fez a StarLink, carregam caixas, rolos e cabos, molham os uniformes e embarram as botinas entrando nos alagados para puxar a fibra que reconecta nossas pessoas, nossas empresas e, principalmente, nossas instituições públicas vitais para o socorro dos necessitados, como é o caso das mais de 50 postos de Bombeiros que já tiveram a internet restaurada por pequenos provedores em diferentes localidades”, comenta em artigo publicado no PontoISP.

A InternetSul, fez um mapeamento de cidades onde a ação emergencial e de apoio dos provedores é necessária: Canoas, Santa Cruz do Sul, Bento Gonçalves, Santa Maria, São Leopoldo, Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha, Ivoti, Montenegro, Novo Hamburgo, Parobé, Portão, Sapiranga, Canguçu, Jaguarão, Pelotas, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, São José do Norte, Caçapava do Sul, Júlio de Castilhos, Restinga Sêca, São Pedro do Sul, São Sepé, Canela, Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha, Gramado, Lagoa Vermelha, São Marcos, Taquara, Vacaria, Veranópolis, Camaquã, Encantado, Encruzilhada do Sul, Estrela, Guaíba, Lajeado, Rio Pardo, São Jerônimo, São Lourenço do Sul, Taquari, Venâncio Aires, Vera Cruz, Alvorada, Cachoeirinha, Esteio, Gravataí, Nova Santa Rita, Sapucaia do Sul e Viamão.

Segundo ele, os pequenos provedores de Internet são responsáveis por mais de 53,4% do mercado de banda larga fixa no Brasil. “Só no Rio Grande do Sul, essas empresas atendem quase 2 milhões de clientes, o que reforça sua importância, principalmente neste momento em que estão fazendo milagres para restabelecer, em condições de guerra e em tempo recorde, a conectividade do Estado”.

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Rafael Bucco

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