Protagonismo nas tecnologias do futuro

Com o lançamento de várias soluções no mercado baseadas em tecnologias disruptivas, o CPqD amplia seu portfólio de produtos graças a um leque sólido de parcerias com diversas instituições de P&D.

O Tele.Síntese está publicando aqui as reportagens do Anuário Tele.Síntese de Inovação 2018. Abaixo, conheça o vencedor da categoria especial Destaque Tecnologia Nacioanl, o CPqD.

Protagonismo nas tecnologias do futuro

Por Patrícia Cornils

O CPqD é um centro de pesquisas conectado a um enorme ecossistema de inovações formado por universidades, outros centros e institutos de pesquisas e empresas no Brasil e no exterior. Conta com 930 colaboradores, mais de 300 clientes, 331 processos de patentes nacionais, 172 processos de patentes internacionais. Desenvolve tecnologias nas áreas de computação cognitiva, computação avançada, redes de dados, comunicações ópticas, comunicações sem fio, sensoriamento, sistemas de energia, sistemas eletrônicos embarcados e segurança da informação e comunicação. E tem como meta tornar-se protagonista em Internet das Coisas (IoT), universo que envolve tecnologias e aplicações para segmentos tão distintos como agronegócio e cidades inteligentes.

Nem sempre foi assim. No início dos anos 80, antes mesmo de o CPqD completar dez anos de atividades, o general José Antonio de Alencastro e Silva afirmou a seu respeito: “Mesmo que todos os projetos do CPqD não dessem qualquer resultado prático, só o fato de formarmos pesquisadores, mestres, doutores e especialistas – bem como apoiarmos a universidade – justificaria o esforço e realizaria seu principal objetivo, que é a formação da inteligência
neste campo”.

Ao ler a reflexão de Alencastro, criador do CPqD, 42 anos depois de sua fundação, entendemos que os céticos enfrentados por ele estavam redondamente enganados. Faz parte do cotidiano do centro desenvolver projetos com resultados práticos no Brasil, que são reconhecidos pela sociedade. Pela terceira vez, o júri do Prêmio Anuário Tele.Síntese de Inovação em Comunicações concede ao CPqD o Prêmio Destaque em Tecnologia Nacional.

Mas não seria possível inovar sem uma inteligência que levou décadas para ser constituída. O CPqD é resultado desse investimento. Começou como um centro de pesquisas dedicado somente a uma empresa, a Telebras, e hoje gera inovação e desenvolve soluções para o setor elétrico, para o agronegócio, para o setor financeiro, para a gestão pública.

Em 1998, com a privatização do Sistema Telebras, tornou-se uma fundação de direito privado, autônoma e independente. Recursos públicos, no entanto, ainda são fundamentais, porque contribuem para a busca de inovações disruptivas e incentivam parcerias com o setor privado. Em 2001, com a criação do Funttel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações), parte desses recursos foi assegurada. E não foi somente por questões de princípio. O CPqD comprovou sua relevância ao dar suporte à certificação de produtos de telecomunicações, conduzido pela Anatel, e ao prover sistemas de suporte à operação (OSS) e de supervisão óptica às
empresas que passaram a prestar serviços de telecomunicações no Brasil. Hoje, é fornecedor global do grupo Telefônica e suas soluções OSS são utilizadas em países da América Latina, como Chile, Colômbia, Peru e Uruguai.

Os recursos de fomento, que já foram muito superiores, representam 30% nas receitas atuais do centro. Os projetos desenvolvidos no CPqD contam com recursos do Funttel, do BNDES Funtec, da EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), da Lei de Informática e da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). Somente neste ano, o CPqD lançou uma nova versão da plataforma dojot, que facilita e acelera o desenvolvimento de aplicações de IoT adequadas à realidade brasileira – a dojot Aikido. Também lançou a solução de conectividade LTE em 250 MHz, produzida pela Trópico e fornecida para a Usina São Martinho, em Pradópolis. Outro lançamento foi a estação meteorológica de baixo custo Pluvi.On, para os segmentos de agronegócio e cidades inteligentes, desenvolvida em parceria com a startup Pluvi.On e a Icatel.

No momento, o CPqD realiza projetos com as empresas Exati, na área de iluminação pública inteligente, e a Taggen, com a qual desenvolveu um beacon totalmente nacional usado em aplicações na área de saúde. Também lançou a plataforma CPqD Assistente Virtual, que utiliza recursos de Inteligência Artificial para automatizar o atendimento
ao cliente em canais de texto e voz. E o Pay Voice, aplicativo móvel desenvolvido em parceria com Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços para dar maior segurança ao uso de máquinas de cartões por pessoas com deficiências visuais.

Com foco em inovação aberta e internacionalização, o CPqD desenvolve projetos em parceria com outras empresas e instituições do Brasil e de países europeus (no âmbito do programa Horizonte 2020, da União Europeia, e do Newton Fund, do Reino Unido). Participa de três entre os seis projetos selecionados na 4ª Chamada Coordenada Brasil-União Europeia em TICs, realizada em 2017 pelo programa Horizonte 2020 (H2020).

O CPqD faturou R$ 242 milhões em 2016 e R$ 233 milhões em 2017. Sua expectativa, este ano, é crescer 4%. Estabilidade nas receitas, em um país em crise econômica e política, é um indicativo de sucesso. A maior medida das realizações do centro, no entanto, está no leque de setores em que atua, nas parcerias que mantém, nos projetos que realiza. “Temos no Brasil uma instituição que garante soberania tecnológica”, afirma o presidente Sebastião Sahão Júnior (foto). Sim, o país desenvolveu inteligência para realizar inovações em setores de ponta. Este é o maior patrimônio do CPqD.

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