Proposta das teles é recebida com ceticismo por radiodifusores

Para radiodifusores, proposta híbrida apresentada pelas operadoras garante a mitigação de interferências com uso de filtros, mas não assegura a migração de canais de TVRO para a banda Ku

 

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Radiodifusores ouvidos pelo Tele.Síntese dizem não acreditar que a proposta de solução híbrida das operadoras móveis para sanar a interferência da 5G na TVRO seja a melhor em pauta. E demonstram preferência pela saída que prevê unicamente a migração dos canais abertos de TV transmitidos por satélite da banda C para a banda Ku.

As teles vêm apresentando a proposta a representantes da Anatel, do Ministério das Comunicações e a radiodifusores desde dezembro. A solução híbrida, defendem, permite acelerar a implantação da 5G, liberando o espectro de 3,5 GHz imediatamente após o leilão. E a migração aconteceria de 2025 em diante, condicionada à destinação da banda C ao serviço móvel.

Alguns radiodifusores, no entanto, duvidam do cronograma proposto, que prevê ativação de 5G em capitais com uso de filtros já em 2021. Defendem que a migração pode demorar menos que dois anos, como dizem as teles, para ser iniciada. E que os custos não são muito diferentes da mitigação.

Outros alegam ainda que a proposta, embora seja chamada de híbrida, não deve ser tratada como tal, pois caso seja confirmada, garante apenas que neste leilão do espectro de 3,5 GHz haja a mitigação de interferências sem migração de canais, ao mesmo tempo em que garante uma reserva de espectro futura para as teles.

Há ainda quem aponte um alto custo social da solução. Neste caso, o argumento é que, embora as operadoras arquem com os equipamentos da mitigação e da migração de quase 7 milhões de usuários de TVRO, haveria outros 15 milhões de pessoas com TVRO que teriam de pagar por conta própria os novos equipamentos – filtros no primeiro momento, e kit banda Ku no segundo. Esta estimativa se baseia no número da PNAD de 2018, pela qual 22 milhões de pessoas usam parabólicas no Brasil.

A decisão, vale dizer, não cabe a nem um, nem outro grupo econômico, mas ao Conselho Diretor da Anatel. E no governo, a expectativa é que esta decisão não demore para que o leilão de frequências aconteça ainda no primeiro semestre do ano, tal qual afirmou hoje o ministro das Comunicações.

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Rafael Bucco

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