Produto DWDM brasileiro precisa de proteção, avalia a Padtec

Reserva de mercado na China e nos EUA impede a competição em pé de igualdade no mercado global, afirma o diretor de negócios da empresa brasileira.

A disposição do governo brasileiro em restringir a participação da Huawei no fornecimento de equipamentos para redes 5G às operadoras que arrematarem espectro no próximo leilão da Anatel encontra eco entre industriais locais.

Para a Padtec, por exemplo, está claro que o modelo desenvolvimento adotado pela China resulta em distorções no segmento que é hoje seu core business, o de equipamentos DWDM. Também os Estados Unidos adotam práticas restritivas ao livre comércio desse tipo de tecnologia.

“Falando especificamente do mercado de DWDM, eu acho que a liberalização dos mercados funciona bem se existir em todos os países”, ponderou Argemiro Sousa, diretor de negócios da Padtec. O executivo participou nesta sexta-feira, 3, de live realizada pelo Tele.Síntese, na qual se debateu o impacto da flutuação do câmbio sobre o setor de telecomunicações.

“No mercado DWDM onde existe competição? Na América Latina, na Europa e na África”, completou. Ele chamou a atenção para estudo da consultoria Omdia que revela a concentração do mercado DWDM na Ásia e na América do Norte.

“O mercado de DWDM da Ásia representa 50% do mercado global, e 75% dele é atendido por fabricantes chineses. A China em si, apenas o país, é um terço do mercado global de DWDM, mas 95% do mercado chinês é atendido por empresas chinesas. Isso não é normal”, ressaltou.

Segundo ele, este modelo de reserva de mercado não é usado apenas na China, mas por outras potências mundiais. “Se pegar o mercado norte-americano, Canadá e Estados Unidos, a gente vê que 75% desse mercado é atendido por empresas americanas. Eu não estou nem considerando empresas meio americanas, meio europeias”, destacou.

Diante dessa distorção, o executivo considera que faz sentido o governo pensar em como proteger o produto nacional. “Não estou defendendo o modelo, mas para conseguir competir em pé de igualdade com uma empresa que vem de um país onde há reserva de mercado e todo o desenvolvimento já foi amortizado lá, alguma proteção a gente tem de ter aqui. Porque senão, não é justo”, finalizou.

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Rafael Bucco

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