Presidente da FCC defende que Brasil deixe de usar produtos de telecom de “fabricantes pouco confiáveis”

Ajit Pai viajou ao Brasil, Portugal, Índia e Austrália defendendo a sua tese sobre segurança nas redes de telecomunicações e de internet.

Los Angeles*, Estados Unidos – Ajit Pai,  presidente da FCC (Federal Communication Comissions), a Anatel norte-americana, disse hoje, 22, durante a abertura do Mobile World Congress, que ocorre nos Estados Unidos, que passou os últimos meses visitando  países parceiros – como Brasil, Índia, Austrália e Portugual para debater a segurança das redes de telecomunicações e de internet.

“Os Estados Unidos têm a convicção de que não podemos ter risco com a segurança no segmento de TICs e passamos essa mensagem para o exterior. E o mais importante, é que a mensagem foi muito bem recebida”, afirmou o executivo.

Segundo Pai, a rede de 5G, que já está implementada nos Estados Unidos, o que,na sua avaliação, confere ao país a liderança nessa tecnologia,  exige muito mais cuidados para  evitar riscos de ataques perigosos, já que possui uma estrutura totalmente nova, baseada em software.

“Não queremos impor nossa visão, mas constatamos que a nossa preocupação com a segurança é compartilhada por diferentes países, principalmente pelos países parceiros pelo mundo. Queremos ter a certeza de que estamos fazendo tudo o que podemos para preservar a segurança das TICs. Na perspectiva doméstica, já propus não se destinar mais qualquer dinheiro federal em operadoras e carriers que usem equipamentos de fabricantes pouco confiáveis. E a mensagem que passamos para diferentes países é que podemos ter um modelo de sucesso”, afirmou. 

O presidente da agência reguladora norte-americana não citou o nome do fabricante, mas a disputa entre a maior produtora chinesa de equipamentos de telecomunicações – a Huwaei – e os Estados Unidos já dura vários meses. Por sinal, nessa edição do Mobile World Congress dos Estados Unidos não há a presença de qualquer fabricante chinês, ao contrário da mesma feira em Barcelona, na Espanha,  onde a Huawei e inúmeros vendors chineses tomam conta de vários  pavilhões de exposição.

Pai esclareceu que nem ele nem o governo dos Estados Unidos querem impor a visão que têm sobre a segurança das redes de TICs, mas quer ter a certeza que está fazendo tudo o que pode para preservar essa segurança. Recentemente, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, disse que o país não tinha qualquer posição formada sobre a Huaweio.

Frequências

Entre as iniciativas que apontou para fazer com que o seu país lidere essa corrida pela 5G, Pai citou a necessidade de tornar disponível mais frequências para a telefonia celular. E observou que este ano vendeu quatro bandas ( 24 GHz, 28 Ghz, 37 GHz e 39 GHz) e já prepara licitação para o próximo ano para faixas mais baixas, como a disputadíssima frquência de 3,5 GHz ( a mesma que a Anatel pretende vender no próximo ano no Brasil).

Pai defendeu também a necessidade de se garantir mais banda para a evolução do WiFi. Para o executivo, o desafio de ligar a área rural norte-americana é ainda muito grande, e por isso, assinalou, o governo está destinado US$ 20 bilhões do Fundo de Universalização para esse fim “Temos ainda 30% da população rural sem acesso à internet de alta qualidade”, afirmou.

*A jornalista viajou a convite do MWC

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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