Para executivos, 5G não tem “killer application”, mas tem “killer experience”
As expectativas de operadoras, indústria, governos e usuários a respeito do 5G não se confirmaram no mundo depois da ativação comercial da tecnologia. Mas isso não deve ser visto como falta de resultados, defenderam hoje, 10, especialistas em evento em São Paulo.
Segundo Carlos Roseiro, diretor de soluções integradas da Huawei, o 5G não tem, ao menos por enquanto, uma “killer application”, como todos desejavam que tivesse. Mas entrega uma “killer experience” e traz resultados rapidamente a operadoras e usuários.
“Há a sensação de que não tem nada de novo, mas o 5G está se monetizando. Realizamos um estudo com 48 operadoras do mundo inteiro, sem contar as da China ou Estados Unidos, mas com empresas de Coreia, Europa e Arábia Saudita. E 85% das que investiram na tecnologia registraram aumento da receita. Todas tiveram crescimento de receita por usuário, que comprou pacotes maiores de dados”, comentou o executivo da Huawei no Fórum de Operadoras Inovadoras, em São Paulo.
Ele acrescentou que a tecnologia brilhou mesmo ao melhorar a satisfação dos clientes. “Todas as operadoras viram o NPS melhor do 5G contra o 5G. Na verdade, o NPS do 5G é o dobro do visto no 4G. O churn é menor. A experiência de uso é melhor. No Brasil, por exemplo, a velocidade média saltou de 40 Mbps para 400 Mbps”, observou. NPS, ou Net Promoter Score, é uma métrica adotada por empresas para avaliar a lealdade dos clientes. Quanto mais alta, menor a propensão do consumidor em mudar de prestadora.
Celso Birraque, diretor de redes de acesso móveis da Claro, concorda. “Embora não exista killer application, a gente vê que nos locais onde o 5G está, acelerou significativamente o tráfego”, observou. O 5G já representa mais de 20% do trânsito de dados “em alguns locais”, disse. A empresa tem rede do tipo ativada em pelo menos 200 cidades.
Embora o reflexo da ativação de rede seja evidente, Birraque disse que a estratégia da Claro não é converter, no curto prazo, toda a rede para a nova geração, pois não há ainda penetração suficiente de devices compatíveis na base, e o investimento necessário seria muito alto. “No longo prazo, sim [será tudo 5G]. Mas existe um balanço para executar o crescimento de forma coordenada com a demanda”, concluiu.