Para Conselho Empresarial Brasil-China, escolha da tecnologia 5G deve ser técnica

Ex-embaixador Luiz Augusto de Castro Neves vê risco de uma guerra fria entre EUA e China, e defende que Brasil não tome partido
Luiz Augusto de Castro Neves – Presidente do Conselho Empresarial Brasil-China e ex-embaixador do Brasil na China

A possibilidade de uma guerra fria entre EUA e China, por conta do 5G, começa a ser levada cada vez mais a sério. O conflito tecnológico foi um dos assuntos da audiência pública do GT-5G da Câmara sobre a implantação da tecnologia no Brasil, realizada hoje, 27.

Neste caso, o Brasil deverá deixar ideologias de lado para escolher com quem fará a parceria. É o que afirmou Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China e ex-embaixador do Brasil na China, durante o evento.

“Há quem diga que essa guerra fria vai acontecer entre EUA e China, e que o Brasil terá que tomar partido. A globalização é a internacionalização dos processos produtivos, então seria um tiro  no pé de ambas as partes. Caso o conflito ocorra, não temos sinais de que todo país tem que tomar um lado. A escolha do 5G deve se basear num sistema técnico e comercial, não ideológico. Então, que tenhamos uma estratégia de longo prazo, caso decidamos optar por um 5G chinês”, falou Neves.

Ele lembrou que a segurança é um dos fatores primordiais na hora da escolha. “Adotar qualquer tecnologia de qualquer país tem perigo à segurança nacional. Então, que o sistema escolhido seja seguro e à prova de hackers, de invasores”, disse.

Testes

Durante a audiência, o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Nogueira Calvet, reforçou o caráter de negócios do 5G.

“É uma tecnologia habilitadora para cidades e campo. O 5G vai apresentar seu potencial muito mais para os negócios, não tanto para as pessoas. Não é 4G + 1. A principal função não é conectar pessoas, mas conectar coisas, máquinas, viabilizando ações de automação de forma remota”, disse.

Nogueira lembra que a ABDI assinou acordo com a Anatel para testar o desempenho da tecnologia 5G. “Precisamos capturar informações. Nesse acordo, a ABDI realiza testes no campo e na cidade.”

“A Europa tem 245 testes sendo feitos com 5G, por exemplo. A ABDI incentiva as redes privativas, com esse acordo. Estamos fazendo testes em uma empresa em Santa Catarina, vamos testar em Londrina, como modelo de cidade inteligente, e vamos fechar um case agro”, contou.

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José Norberto Flesch

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