Origem Verificada: volume de chamadas contratadas chega a 2,2 bi por mês
O lançamento do serviço Origem Verificada, nome que a tecnologia stir shaken ganhou no Brasil, contará com 42 empresas de diversos setores que utilizam call centers para falar com seus clientes. Pelo menos outras 33 estão em negociação para adotar a medida.
Por mês, a expectativa é que haja 2,2 bilhões de chamadas verificadas das 42 empresas participantes, segundo Marco Antônio Gomes, coordenador do processo de acompanhamento da relação com prestadoras da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
“Essa iniciativa vem no sentido de dar uma ferramenta para o usuário e também colaborar com as autoridades de segurança pública”, disse Gomes, destacando o esforço da Anatel em coibir ligações abusivas e fraudes realizadas por meio de falsas centrais telefônicas durante sua participação no Mobimeeting Finance + ID, evento realizado pelo portal Mobile Time nesta quarta-feira, 30 de outubro, em São Paulo.
O Origem Verificada permite que o usuário veja na tela do celular a empresa que está fazendo a ligação, podendo, assim, decidir se atende ou não a chamada. O país é o terceiro a implementar a medida, depois de Estados Unidos e Canadá.
Nesse primeiro momento, a Anatel conta com a adesão de 33 operadoras de telefonia fixa e móvel. Dessas, Tim, Claro e Telefónica já estão aptas para mostrar a identificação aos usuários. A Algar está finalizando o processo para incluir a Origem Verificada.
Segundo Gomes, ainda sem a adesão ou adaptação de todas as operadoras, a tecnologia está pronta para entrar em funcionamento. “Quantidade de chamadas não é problema. Quando começar a identificar, todos vão querer”, acredita.
Governança
A entrada de uma empresa no ecossistema do Origem Verificada é voluntária. Gomes observou que a Anatel optou por esse modelo por ser mais rápido. “Havia dois caminhos. Ou a Anatel determinava por meio de regulação, o que teria de ir para consulta pública, ser aprovado, levando anos, ou fazia uma chamada a todos interessados em participar voluntariamente”, disse.
Para implantar o sistema no Brasil, a Anatel criou uma entidade identificadora e autenticadora (EIA) e uma entidade administradora da política (EAP). De forma simplificada, quando uma empresa que contrata o serviço, suas informações serão validadas pela EAP, que as depositará na EIA. Assim, quando o call center da empresa ligar para um cliente, a prestadora de origem solicitará a autenticação do número na EIA para, em seguida, encaminhar a chamada para a prestadora de destino. Nessa fase, há um double check, pois a prestadora de destino também irá consultar a EIA. Só depois, a chamada chegará ao usuário, que verá o número e o nome da empresa na tela do celular.
“Nossa implementação utiliza a mesma tecnologia implantada no Canadá e nos Estados Unidos. Só que temos uma estrutura técnica mais robusta. Criamos uma autoridade que vai tratar da política de governança com todas as prestadoras que participarem do projeto”, explicou Gomes.
Quem coordena a entidade centralizadora é a ABR, a mesma que faz a portabilidade numérica. Já o fornecedor da tecnologia é a Cleartech.
Informações no smartphone
Na tela do celular, o usuário verá o nome, número e logomarca da empresa, selo de autenticidade da Anatel, o texto “número validado”, além do motivo da chamada. Essa exibição completa aparecerá nos aparelhos Samsung com Android 14 atualizado. Modelos de todos os fabricantes com Android 11 a 14 sem atualização não verão a logomarca nem o motivo da chamada. E iPhone 10 a 15 com iOS atualizado também terão os dados, mas com ainda menos detalhes.
O coordenador da Anatel explicou que, aproximadamente, 75% dos smartphones no Brasil são compatíveis com a autenticação de chamadas. Ele informou também que Apple e Android sinalizaram que a compatibilidade acontecerá nas próximas atualizações.