Operadoras precisam descobrir como lucrar com a 5G

Pesquisa feita pela Amdocs aponta que empresas ainda carecem de casos de uso para aplicações 5G. Mas revela que em três anos, 100% das operadoras já querem ter sua rede 5G ativada.

A fornecedora Amdocs divulgou hoje, 23, pesquisa sobre as expectativas de operadoras no mundo, na América Latina e no Brasil para a chegada da 5G. Após ouvir executivos de 60 teles, descobriu que a maioria, 89%, pretende lançar redes móveis de quinta geração em no máximo dois anos – inclusive no Brasil. Em três anos, até o final de 2021, todas as ouvidas responderam que vão ter as novas redes.

No primeiro momento, as empresas vão focar em serviços de banda larga fixa e móvel mais rápido e de baixa latência. Mas não significa que ficarão esperando uma onda de inovação para descobrir novos modelos de negócio. Segundo o estudo da Amdocs, já há planos diversos para experimentação, especialmente no mercado de transmissão esportiva, visto como crucial para entrega de valor ao consumidor final.

A pesquisa indica que 91% das operadoras vão testar tecnologias 5G dentro de estádios ou ginásios ainda em 2020. No Brasil, 100% das empresas entrevistadas (foram duas grandes operadoras: Vivo e Claro) querem usar os futuros eventos esportivos da Copa da Uefa para promover o uso da 5G, seja testando, vendendo ou fazendo ações de marketing.

Segundo Renato Osato, vice-presidente da Amdocs para a América Latina, a iniciativa das operadoras em testar o quanto antes as possibilidades com 5G é essencial para o sucesso da tecnologia. “As operadoras precisam fomentar o ecossistema para que possam efetivamente monetizar isso”, diz.

As brasileiras também focam no uso de small cells e da virtualização de rede para melhorar o sinal dentro dos estádios. A ideia é usar, para isso, bandas inferiores aos 3 GHz.

À procura dos casos de uso

Entre as novidades que estão no escopo de testes das companhias estão a realidade virtual e a realidade aumentada. A Amdocs imagina o momento em que será possível, em casa, assistir a uma partida esportiva como se estivéssemos no estádio, usando os óculos de realidade virtual. Ou acompanhar no estádio um jogo, recebendo informações adicionais no celular em tempo real.

Nas operadoras brasileiras, a intenção é atuar em diversas frentes no universo esportivo para viabilizar a 5G. As empresas querem transmitir as partidas ou serem as provedoras OTT do vídeo, ser as fornecedoras da conectividade necessária para a transmissão do jogo e ser responsáveis pela conectividade dentro do estádio.

E não se trata apenas do esporte tradicional. Os esportes eletrônicos (eSports) estão na agenda de todas, nas mesmas frentes. Vivo e Claro, por exemplo, já patrocinam times ou ligas de eSports.

Os desafios para encontrar o modelo de negócio adequado são vários. Os que mais preocupam as companhias brasileiras são a falta cooperação e colaboração das desenvolvedoras de tecnologia 5G no país e a falta de casos de uso específicos no mundo esportivo.

Ainda assim, elas já sabem que, ao menos no começo, vão ter de subsidiar a aquisição dos equipamentos para o consumidor. As brasileiras planejam absorver parte do custo de dispositivos de hotspots pessoais, de smartphones, de gateways domésticos e de alto falantes inteligentes.

Os investimentos das brasileiras também estão sendo canalizados para ofertas em games, com a construção de infraestrutura de edge computing, que deve se beneficiar da menor latência aliada à 5G. “As operadoras que não estejam preparando suas redes com soluções de convergência não terão condições de explorar as inovações”, acrescenta Adriana Landwehrkamp, vice-presidente para o Brasil da Amdocs.

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Rafael Bucco

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