Oi vai apresentar plano de venda de ativos em junho

Carlos Brandão afirmou que plano está quase concluído e trará, além da venda de ativos, possível reformulação no modelo de negócio da companhia. Expectativa é gerar até R$ 7 bilhões com vendas.

*Colaborou Abnor Gondim

O CFO da Oi, Carlos Brandão, afirmou hoje, 14, que a operadora está finalizando sua revisão estratégica e que até meados de junho vai apresentar ao mercado um plano que inclui a venda de ativos. O plano vem sendo elaborado pela consultoria BCG e pelo Bank of America Merrill Lynch.

Brandão voltou a explicar que a revisão estratégica feita pela BCG tem objetivo de redefinir a atuação da companhia e elaborar diretrizes para a implantação de novos modelos de negócios dentro da empresa.

Disse também que o BofA vai operacionalizar a venda de ativos. Os valores obtidos com as vendas seriam destinados ao Capex no médio e longo prazo, ou para a redução da dívida da companhia. Segundo Brandão, a expectativa é gerar de R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões com as vendas.

“Temos uma lista de ativos para monetizar, a qual estamos trabalhando parte com BoFA e parte com outros bancos. Não precisamos de fundos para o curto prazo, e esperamos monetizar os ativos no médio prazo”, avisou o executivo.

Uma das empresas do grupo que sempre apareceu na lista de ativos à venda, apresentada na recuperação judicial, é a Unitel, operadora Angolana. A Oi tem fatia de 25%. Mas há também expectativa de venda de ativos no Brasil. Alguns dependem de um empurrão legislativo, com aprovação do PLC 79, que modifica o marco regulatório do setor de telecomunicações para permitir que concessionárias migrem ao modelo de autorizadas, alterando também as regras sobre bens reversíveis a que se sujeitam.

Para os executivos da empresa, há boas chances de que o PLC 79, em trâmite no Senado, seja finalmente aprovado – após quase três anos de idas e vindas na Casa. “Difícil dizer qual será o prazo de aprovação do PLC 79 já que ele está passando pela CCT e depois irá ao plenário. Há boas chances de acontecer neste ano ainda, mas não podemos supor nenhum prazo pois há procedimentos a obedecer na CCT e no plenário”, disse Carlos Eduardo Medeiros, diretor de regulamentação da Oi.

Capex e fibra

Brandão afirmou também durante a call que a companhia vai manter a meta de Capex de R$ 7 bilhões neste e no próximo ano. O dinheiro será investido no “roll out” de rede de fibra óptica para atendimento de clientes residenciais, corporativos e governamentais. Parcela também será destinada à rede móvel, para implantação de 4,5G.

“Produtos de fibra têm ARPU 20% a 25% maior que os de cobre. Então teremos elevação da receita no médio prazo, pois demora um pouco pra recuperar. Os KPIs que definimos nos mostram que estamos no caminho certo”, lembrou. Segundo ele, a Oi está fazendo uma análise tática, granular, de áreas com alto potencial. Esta análise tática significa criar ofertas segmentadas localmente, chegando-se até mesmo ao conhecimento de demanda por bairro, célula ou setor censitário. É a demanda local que levará a Oi a construir sua rede FTTH em uma região.

Freio nos ISPs

Ele disse que o investimento em fibra conseguiu estancar, nas áreas em que houve a implantação, a saída de clientes para os provedores regionais (ISPs). Mas reconheceu que a competição com os pequenos teve impacto significativo nos últimos anos e contribui para explicar a perda de clientes em banda larga fixa.

“Ano passado implantamos 54 mil homes passed [casa apta a receber banda larga por fibra] por mês. Aceleramos, em março deste ano já chegamos a 174 mil. Até o fim do ano vamos chegar a 250 mil homes passed por mês”, afirmou.

Segundo a operadora, a fibra no acesso será o principal motor de crescimento, não só no mercado residencial, mas para B2B, como principal provedor de serviços com a chegada do 5G. A Oi, com 360 mil km de fibra, aponta que tem uma vantagem única para massificar a tecnologia e capturar oportunidades inclusive no atacado, vendendo capacidade para os ISPs.

O executivo disse que a Oi também vai melhorar a rentabilidade com a redução de gastos. A empresa cortou muito nos últimos anos, mas agora está diante de novas possibilidade de economia graças à digitalização de processos e serviços. “Ainda temos oportunidade de corte de custos, continuamos a digitalizar operações e modelos de negócios, com consequência de melhora de qualidade e eficiência das operações. Isso inclusive, fará parte da estratégia que vamos divulgar ao mercado em junho”, avisou.

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Rafael Bucco

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