Oi tem propostas de compra nacional e fatiada pela ClientCo

Há na mesa ofertas não vinculantes para a compra única de toda a base e também a aquisição por região de interesse. Junto ao TCU, o acordo possível caminha para a Oi assumir investimentos de R$ 5 bilhões com garantia do BTG e conseguir migrar a concessão para o regime privado.

(crédito: Oi/Divulgação)

Está bastante avançada a venda da base de clientes da Oi Fibra, a ClientCo, que já conta com várias propostas na mesa. A Oi Fibra conta hoje com 4,33 milhões de assinantes de fibra óptica. As ofertas não vinculantes estão sendo negociadas entre os interessados e há diferentes modelagens: há proposta para a compra única de toda a base e também de compras regionais. Mas em todas as propostas, informam fontes a par do assunto, há uma mesma condição: o contrato assinado pela Oi com a V.tal tem que ser reformulado, pois, concordam todos, é extremamente prejudicial para a operadora. O Tele.Síntese já publicou aqui reclamações de acionistas sobre esse contrato, que daria prejuízos à Oi.

As negociações, embora complexas, pois a modelagem de cada interessado é diferente, estão aceleradas, informam as fontes, pois a Oi precisa urgentemente fechar a venda, não só para fazer uma nova negociação com seus credores (os bondholders), como também para apresentar alguma proposta mais firme à União.

TCU

O prazo final para uma solução no TCU é dia 23 de março, e a expectativa é que ela seja concluída nesta sexta-feira. Caminha-se para um acordo possível, com a Oi decidindo migrar para o regime privado e acabar assim com a concessão pública – para tanto, no encontro de contas, assume investimentos no valor de R$ 5 bilhões.

Com esse acordo, evita-se a intervenção na concessão pela Anatel. Esses investimentos, que seriam necessários para a Oi se desincumbir da concessão, seriam honrados com a garantia do BTG, controlador da V.Tal, que, por sua vez, pela portaria 101 da Anatel, é coligada da Oi.

Ou seja, a Oi abriria mão de sua reivindicação de que a União teria uma dívida de R$ 53 bilhões; a União, por sua vez, abriria mão da dívida cobrada pela Anatel, de R$ 13 bilhões e da dívida já reconhecida pela operadora, de parte dos R$ 9 bilhões, assumindo a garantia, a ser dada pelo BTG, que hoje tem a maioria dos bens reversíveis da Oi, de que vai honrar a dívida. Ufa….

Mais ativos V.Tal

No caso da venda de seu último e mais valioso ativo, a ClientCo, as negociações da Oi com os que apresentaram propostas são longas porque estão sendo colocadas na mesa pelos potenciais compradores outras condições, como a oferta por contratação de mais backbone da V.Tal, além da aquisição dos clientes de última milha. Os que apresentaram proposta não vinculante são os já conhecidos: grupo Alares, grupo Desktop, grupo Ligga (em união com a Unifique); grupo Sky; grupo Vero/AmericaNet.

E, se cada uma das propostas feitas à Oi tem a sua própria contabilidade e interesse, o que se comenta é que o valor projetado pela Oi com a venda desses ativos, de R$ 7 bilhões, não deverá ser atingido. As ofertas são bem menores.

Bondholders

As negociações com os credores estão bastante difíceis, informam as fontes. Eles querem mais garantias de que a venda desses últimos ativos vá direto para o pagamento das dívidas e não entre o caixa da empresa. A Oi, por sua vez, alega que, sem dinheiro no caixa, sem Oi. E mesmo assim, os bondholders querem receber primeiro, depois os demais agentes financeiros e por último os demais credores com dívidas roladas. É possível que, no dia 25, quando está marcada a Assembleia Geral, a Oi tenha que aprovar nova data para a reunião geral e, consequentemente, prorrogação do stay period (prazo em que está protegida de execuções).

(Colaborou Rafael Bucco)

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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