Oi revê para baixo projeções de crescimento em fibra
Juntamente com o novo plano de recuperação judicial, a Oi soltou dados indicando que o crescimento da unidade de fibra não aconteceu no ritmo esperado, e nem vai crescer no ritmo desejado pelos próximos anos. Como explica a EY, auditoria dos dados financeiros da operadoras, a tele reduziu a previsão de assinantes e a taxa de ocupação em comparação com o estimativas passadas.
“A Oi também estima a redução de novas receitas, com o objetivo de priorizar e focar os esforços no core business”, escreve a auditoria a respeito da Oi Fibra.
Em apresentação ao mercado, a Oi explica que o custo de capital segue elevado e a renda familiar do brasileiro está comprometida, com 27,51% das famílias endividadas – maior nível em 18 anos.
Observa no material que as adições líquidas em banda larga caíram para os 10 principais competidores brasileiros no segmento (Algar Telecom, Alloha Fibra, Brisanet, Claro, Desktop, Oi, TIM Brasil, Unifique, Vero and Vivo). Enquanto no terceiro trimestre de 2021 o grupo atraía 1 milhão de novos usuários, no mesmo período de 2023, atraiu 448 mil.
Ao mesmo tempo, as operadoras listadas em bolsa observaram uma queda da taxa de ocupação de 22,3% no terceiro trimestre de 2021 para 18,2% no mesmo período de 2023.
Projeções novas
Assim, a empresa agora estima que vai fechar o ano com 4,33 milhões de clientes em fibra. Em 2026, terá 5 milhões. E em 2028, 5,62 milhões. A receita com fibra será de R$ 4,6 bilhões este ano, R$ 5,56 bilhões em 2026 e R$ 6,43 bilhões em 2028.
Os números são menores que os divulgados em dezembro de 2022. Na época, a empresa estimava que chegaria a 2026 com 7,7 milhões de clientes e receitas com fibra de R$ 10,5 bilhões.
Diante da nova conjuntura, a Oi pisou no freio e vai priorizar a ocupação de áreas onde já existe rede. Como a tele não tem rede de fibra própria, ,as aluga da V.tal, significa dizer que a V.tal também passa a ter uma demanda de construção de infraestrutura reduzida por parte de seu cliente âncora.
Solução consensual
A projeção mostra que a receita da operadora, de R$ 9,6 bilhões em 2023, vai cair para R$ 9,28 bilhões em 2028. O EBITDA reportado passará para o azul apenas em 2026, quando deve somar R$ 517 milhões. Também naquele ano a tele passará de margem negativa para positiva, em 6,3%. Tudo isso considerando aprovação e execução do plano de recuperação e sucesso das negociações em busca de solução consensual no TCU.
Segundo Rodrigo Abreu, integrante do conselho da Oi à frente das tratativas com credores, o saldo das negociações no TCU será positivo para a concessionária. “O plano adota sim como premissa base a solução consensual para a resolução dos temas bilaterais entre a companhia e o poder concedente relativos à concessão do STFC. Essa condição é fundamental para a viabilidade operacional da Companhia, visto que a concessão, sabidamente, é amplamente deficitária já há algum tempo. Na visão da companhia, um potencial de ganho de arbitragem bastante elevado poderia minimizar, no futuro, os problemas causados pela falta de acordo”, diz ao Tele.Síntese.
A Oi pagou as parcelas devidas à União relativas a multas da Anatel até dezembro, conforme pactuado no primeiro plano de recuperação judicial. Mas hoje, estão suspensas. “A partir do fim de 2023, as parcelas encontram-se suspensas aguardando o resultado das negociações no processo de arbitragem, já que um acordo busca compensar valores crescentes de insustentabilidade do lado da Oi “, observa.
Consequências
O menor crescimento do carro chefe vai levar a cortes de custos. A empresa quer reduzir o porcentual destinado a pessoal, que foi equivalente a 10% da receita em 2023, para 7% em 2026 e 6% em 2028. As despesas gerais vão cair de 8% para 4%. A empresa diz que vai focar mais nas vendas digitais, reduzindo comissões.
Ao mesmo tempo, com uma saída para a concessão de telefonia fixa vindo do TCU, os custos operacionais hoje de 37% da receita vão despencar a 12%. Isso também acontecerá em função do fim de contratos com torres e revisão de contrato de satélite.