Oi responde ao Cade que compra da Nextel pela Claro se justifica

Na avaliação da Oi, as consolidações de empresas representam movimentos naturais de mercado. E, no caso da fusão Claro e Nextel, a operadora argumenta que essa compra se justifica, tendo em vista que, com mais espectro, a Claro poderá ampliar sua oferta de serviços e se posicionar melhor frente à 5G, que demandará vultosos investimentos.

A oferta de compra da Nextel pela Claro, pela qual o grupo mexicano irá pagar US$ 905 milhões ( cerca de R$ 3,45 bilhões) não irá encontrar resistências de um dos grandes grupos de telecomunicações que haviam pedido para também atuar como parte interessada no processo de consolidação. A Oi já respondeu ao primeiro questionário do Cade (órgão anti-truste ) sobre quais seriam os impactos para a empresa e para o mercado a união dessas duas operadoras, e,a sua resposta, conforme consta no processo disponível ao público, é de que não se opõe a essa aquisição.

Diz a operadora: ” Na perspectiva da Oi, consolidações representam movimentos naturais de mercado, especialmente no mercado de telecomunicações”.

A empresa, além de não se opor ao negócio, chega mesmo a justificá-lo.

Afirma:

Na perspectiva da Oi, a aquisição da Nextel pela Claro se justifica pela disponibilidade de espectro que a Nextel detém em importantes regiões do Brasil, como São Paulo. Isto possibilitará à Claro ampliar sua oferta de serviços – principalmente no mercado de SMP, além de consolidar seus ganhos de escala frente à tendência mundial para consolidação no mercado móvel em função dos altos custos envolvidos na implantação da tecnologia 5G e provimento de conteúdos de alto valor nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

A Oi alerta ainda que, em relação ao mercado de telefonia celular (o SMP), ele é  caracterizado por barreiras à entrada de ordens regulatória e financeira. Uma nova empresa, observa a operadora, vai ter custos de difícil recuperação para a instalação de infraestrutura de rede ou então buscar parceiros para o compartilhamento das redes já instaladas.  “Nesse sentido, uma barreira relevante é a necessidade de escala para competição junto às operadoras já estabelecidas, uma vez que as principais empresas em operação possuem mais de 10 (dez) anos de investimentos massivos na rede para oferecer serviços aos clientes conforme requisitos de qualidade atribuídos pela Anatel”, avalia.

A empresa observa também que é caro entrar no mercado de telefonia móvel, visto que as frequências, bens escassos, são adquiridas a partir de processos licitatórios competitivos. Além disso, esses leilões geralmente exigem novos investimentos para atendimento de compromissos regulatórios associados às obrigações de atendimento e cobertura . As garantias exigidas, aponta a Oi, também são custos altos para uma empresa entrante.

Quando pediu para ser parte interessada no processo junto ao Cade, a Oi argumentava que estaria preocupada com o mercado de Construção, Gestão e Operação de Infraestrutura de Telecomunicações, pois é cliente tanto da Claro quanto da Nextel e que poderia ver  reduzidas suas alternativas para aquisição desses serviços, principalmente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Na resposta mais detalhada, a Oi avaliou. em uma análise superficial, que a rivalidade nesse segmento é média, tendo em vista que, apesar da existência de um número significativo de ofertantes, as infraestruturas já estão estabelecidas, com um custo significativo para a mudança.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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