Oi monta plano para reduzir perdas com o cobre

Operadora resolve agir enquanto regras da Anatel para a migração das concessões não saem. Empresa vai diminuir as vendas de produtos legados e o Capex relacionado. Também vai realizar iniciativas de simplificação de ofertas, da estrutura administrativa e de automação a fim de reduzir custos em até R$ 1 bilhão neste ano.

A Oi decidiu não esperar pelo regulamento de migração das concessões para extrair valor de suas redes legadas em cobre. A operadora anunciou hoje, 26, um plano de “de-averaging”, pelo qual mapeou 18 mil estações e centrais Brasil afora a fim de avaliar como extrair valor de cada uma delas.

Na prática, a companhia vai elaborar um plano de ação para cada uma das estações e centrais que possui. Conforme contou o CEO da companhia, Rodrigo Abreu, hoje na conferência dos resultados de 2019, a tele dividiu esses ativos em três categorias: rentáveis, rentáveis quando otimizados e não rentáveis.

No caso das rentáveis, haverá investimento para proteção da base de clientes e preservação do caixa que é gerado ali. Para as estações rentáveis quando otimizadas, a companhia decidiu interromper todas as vendas proativas e otimizar, quando possível, os custos de manutenção. Já as não rentáveis serão mantidas no limite do atendimento das exigências regulatórias.

O plano deve achatar a curva com perdas derivadas da concessão, reduzindo os custos de caixa em R$ 500 milhões no curto prazo e em até R$ 1 bilhão no médio a longo prazos, afirmou Abreu. Segundo ele, é inegável que as redes legadas estão com um movimento estrutural de baixa, que não tem como ser revertido.

Capex

Também haverá impacto sobre o capex. O investimento na rede legada consumiu R$ 2,43 bilhões em 2018. Em 2019, exigiu R$ 2 bilhões, após redução de 16%. Para este ano, o montante será ainda menor – embora a companhia não revele o guidance. No DTH (TV paga por satélite) o movimento foi semelhante. Em 2018 o investimento nessa tecnologia foi de R$ 545 milhões. Ano passado caiu 39%, para R$ 333 milhões. E neste ano deve quase desaparecer dentre os aportes da tele.

No fim das contas, o Capex de 2020 será de R$ 7 bilhões. Em 2019, foi de R$ 7,81 bilhões. Apesar da redução, a diretora financeira da companhia, Camille Faria, explicou que os investimentos em FTTH e e refarming de sites de 1,8GHz para 4G e 4,5G continuará a crescer. O encolhimento do valor destinado às redes legadas permitirá tal cenário. A tele tem 9,7 milhões de clientes de telefonia fixa onde é concessionária.

Para este ano, a Oi pretende inaugurar serviços de FTTH em mais 44 cidades, em todos os estados (exceto São Paulo), que se somarão às 86 em que já atende. O número não contabiliza as parcerias por franquia.

Redução de gastos

Não é apenas na revisão do retorno por estação que a Oi age para debelar despesas. A tele também está praticando iniciativas em cinco frentes que, se derem certo, podem gerar economias entre R$ 600 milhões e R$ 1 bilhão já neste ano de 2020.

As frentes são vendas, marketing e atendimentos; processos e organização; suporte ao negócio; TI; rede e operações. Veja o que a tele planeja em cada caso:

Vendas, Marketing e Atendimento – aqui a Oi vai simplificar o portfólio, incentivando a migração de usuários para planos flat rate. Também vai reduzir ações de venda proativa do portfólio legado (telefonia fixa e banda larga aDSL), além de acelerar a digitalização dos canais de vendas. Com essas ações, estima ser possível economizar de R$ 150 a R$ 200 milhões neste ano.

Processos e organização – a empresa seguirá simplificando a estrutura interna; focará na transformação digital; apostará no atacado e nas franquias, em modelo como o anunciado ontem em parceria com a Mob Telecom, em que o franqueado assume os custos com a gestão dos clientes; e vai fazer uma análise dos processos internos para implementar uma iniciativa de automação centralizada. Com isso, a expectativa é de redução nos custos em R$ 100 milhões a R$ 150 milhões.

Suporte ao negócio – nesta frente, haverá a criação de um centro de serviços compartilhados por todas as empresas do grupo Oi para funções de suporte; aumento da eficiência da cadeia de suprimentos; redução de back-office (demissões) a partir de automação e terceirização (extensão de BPO); além de iniciativas de eficiência energética com auto-geração e renegociação de contratos. Aqui, a economia será de ao menos R$ 150 milhões, podendo alcançar R$ 300 milhões ao final do ano.

TI – neste caso, haverá interrupção da carteira de projetos legados; desenvolvimento de novo Stack de TI para operação de fibra; e elevação da iniciativa de digitalização para toda a companhia. O resultado será economia de R$ 100 milhões a R$ 200 milhões.

Rede e operação – por fim, nesta frente, a Oi vai otimizar e decomissionar redes legadas tanto de cobre, como em DTH; vai acelerar a migração de clientes para fibra; e vai readequar a relação capex/opex com a diminuição de ativações no portfólio legado. Ou seja, a empresa vai concentrar esforços em trazer clientes para a fibra e o celular, e se preocupar menos em vender banda larga aDSL e TV paga satelital. O resultado pode ser economia entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões até o final de dezembro.

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Rafael Bucco

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