Oi inicia conversão de bonds por capital “nas próximas semanas”

Operadora tem até julho para concluir a conversão. Expectativa dos executivos da empresa é garantir a entrada de dinheiro novo ainda este ano. Pelo plano, o aporte poderia acontecer até fevereiro de 2019.

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O presidente da Oi, Eurico Teles, afirmou na manhã desta terça-feira, 29, que a conversão de bonds da dívida em ações, conforme previsto no plano de recuperação judicial, vai começar “nas próximas semanas”. Pelo cronograma, a operadora tem um mês para completar a transação.

A Oi apresentou na noite de ontem seu resultado financeiro do primeiro trimestre do ano, no qual colheu lucro graças à redução do endividamento, já em função da recuperação judicial.

A conversão permitirá à empresa transformar R$ 28,9 bilhões em títulos de dívida em R$ 4,9 bilhões. Ao final do processo, a divida líquida do grupo cairá de R$ 44,6 bilhões um ano atrás, para R$ 7,3 bilhões – uma redução de 83%.

Carlos Brandão, CFO da companhia, ressaltou que os passos do plano de recuperação estão sendo seguidos à risca, até aqui. Após a conversão, espera adiantar a entrada de dinheiro novo da companhia, com aporte de ao menso R$ 4 bilhões. O plano prevê que o aporte acontece até fevereiro de 2019, mas o executivo acredita que ainda no segundo semestre será possível realizar a operação.

Segundo ele, nesta semana haverá decisões em cortes internacionais – as quais espera que sejam favoráveis e em linha com as decisões da Justiça brasileira, de dar prosseguimento e o tratamento aos títulos dentro do previsto no plano de recuperação.

Hoje, representantes da tele se encontram com emissários da Bratel (Pharol), em Nova York, em audiência. A portuguesa levou à Justiça norte-americana sua objeção à aprovação do plano de recuperação prevendo diluição dos acionistas. Até sexta-feira, a corte de Amsterdã julgará o “composition plan”, espécie de extensão do plano de recuperação para os títulos emitidos pela Oi Coop e PTIF na Europa, para a jurisdição local.

Recuperação de receita

No primeiro trimestre do ano, a Oi perdeu receita, comparando-se os números ao mesmo período de 2017. Mas o diretor comercial da companhia, Bernardo Winik, afirmou que a tele vai recuperar as vendas a partir de agora. Primeiro, porque o lançamento de novas ofertas agradaram o consumidor. A tele registrou maior patamar de adições líquidas no móvel em 18 meses com os novos planos em março.

Segundo, porque a empresa está investindo em segmentação de produtos, entregando mais planos customizados conforme o cliente. A estratégia também passa pela convergência de ofertas de voz, dados e internet, refarming do espectro de 1,8 GHz em 22 cidades, com foco no Norte e Nordeste. “A previsão de aumento do Capex previsto também terá impacto no aumento da receita”, lembrou o executivo.

Ele diz que também o B2B começou a se recuperar. A divisão da empresa sofreu no último ano com anúncio da recuperação judicial e retração dos investimentos de governo. “Mas já estamos participando em mais licitações e concorrências, e começamos a colher resultados”, garantiu.

PLC 79

Adriana Cunha, diretora regulatória da Oi, afirmou na conferência a analistas que a companhia mantém expectativas pela aprovação do projeto de lei que prevê conversão de outorgas de concessionárias em licenças de autorizatárias. Mas ressaltou que, mesmo que a aprovação aconteça logo, o resultado prático deve demorar meses para se concretizar.

“A gente levaria ainda vários meses para analisar e decidir se a empresa quer ou não migrar. Porque é uma opção, e precisaremos fazer cálculos que não são triviais”, disse. Os cálculos da operadora também teriam de ser coerentes com os da Anatel e do MCTIC, que também já avisaram que só vão definir valores após a aprovação do PLC no Congresso.

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Rafael Bucco

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