Oi estuda novo reforço de capital

CFO da operadora diz que queima de caixa ocorrida no 2º tri já era esperada e que confia na venda de ativos ainda este ano para reforçar reservas. Mas não descarta fazer novo aumento de capital, emitir debêntures ou obter financiamento com fornecedores.

O diretor financeiro da Oi, Carlos Brandão, afirmou hoje, 15, durante a conferência de resultados com analistas de mercado, que a empresa não descarta a necessidade de levantar mais capital este ano. Segundo ele, a queima de caixa de R$ 1,9 bilhão vista no segundo trimestre, e que deixou a companhia com reservas de pouco mais de R$ 4,2 bilhões, está em linha com o guidance para o período. Mas, caso haja necessidade, algo pode ser feito.

“Não há surpresa na redução do caixa. Esperávamos a queima. Estamos completamente confiantes de que vamos entregar o esperado com os recursos que temos. Mas há alternativas, como emissão de debêntures, financiamento junto a fornecedores, e aumento de capital. Está tudo aberto à análise e discussão”, afirmou na conferência.

Conforme o plano de recuperação judicial, a Oi poderá levantar novos aportes dos acionistas, totalizando R$ 2,5 bilhões, ainda este ano. A emissão de debêntures ou o financiamento com fornecedores, saídas cogitadas por Brandão, são possíveis, mas têm impacto maior sobre o endividamento do grupo.

Ele voltou a reforçar os planos de obter R$ 7 bilhões com a venda de ativos neste e no próximo ano, o que também, a seu ver, reduzem a necessidade de buscar novos aportes ou emissões de dívida.

Neste ano, a tele concluiu um aumento de capital de R$ 4 bilhões. Até o quarto trimestre, venderá torres e a participação de 25% detida na operadora angolana Unitel. No primeiro semestre de 2020, a Oi venderá seus data centers e infraestrutura de fibra óptica “não estratégica” localizada em São Paulo. Em 2021, ele pretende vender imóveis. A empresa também tem créditos fiscais de R$ 2,1 bilhões e aguarda julgamento de contestação que pode gerar mais R$ 1 bilhão em novos créditos fiscais.

Retorno ao azul

O chefe da área financeira da operadora ressaltou que o plano de recuperação está sendo seguido à risca. A redução não apenas da receita, como também do EBITDA e o aumento do endividamento estão dentro do plano de recuperação judicial e do projeto de investimentos ali descrito.

“Este é o ciclo das telecomunicações. Primeiro, os gastos com investimentos. Depois vêm os resultados. E depois, os gastos voltam a subir”, lembrou.

A expectativa é que apenas em 2021 a companhia volte ao azul. Ele ressaltou, no entanto, que no próximo trimestre será anunciada uma estratégia para acelerar a atração de novos usuários FTTH, o serviço mais rentável da companhia. A operadora planeja terminar 2021 com 16 milhões de homes passed (HPs, residências aptas a assinar sua banda larga por fibra).

“Será um ambicioso programa para elevar o take up rate [taxa de ocupação]”, afirmou. Atualmente, essa taxa é de 10,2%. Ou seja, das 2,9 milhões de casas cobertas por rede FTTH, 291 mil assinaram a banda larga por fibra da Oi. A meta é chegar a 25% em 2021 – ter até lá 4 milhões de assinantes na fibra.

Bernardo Winik, diretor de varejo e nacional da Oi, disse que a companhia tem como foco migrar clientes do cobre para o FTTH e roubar clientes dos provedores regionais. “Estamos priorizando na expansão subúrbios e áreas não verticais, onde realmente competimos com ISPs”, afirmou. Atualmente, a Oi tem rede de fibra no acesso em 2.860 cidades.

Digitalização

Brandão explicou ainda que a companhia está em vias de concluir sua transformação digital, o que deve acontecer até o final deste ano. Iniciado em 2016, o processo de migração de processos para formatos digitais reduz custos. O executivo diz que 63% da base de clientes já usa o app Minha Oi, pelo qual o usuário pode fazer autoatendimento. Ao mesmo tempo, a base de clientes que usam apenas o e-billing (conta em formato digital) aumento para 38% dos assinantes. E as vendas por canais digitais, sem passar por lojas físicas, subiu 57% nos últimos três anos.

O próximo e definitivo passo virá em 2020, quando a empresa promete se tornar um grupo digital. Para ano que vem, Brandão disse que o sistema de TI terá nova estrutura, mais ágil, com redução do time to market e diminuição de custos de desenvolvimento de produtos. A interação entre os canais de atendimento será completa, com o canal digital superando o call center como mais importante para resolução de problemas.

E, por fim, ele diz que a companhia fará uma grande reformulação de ofertas, reduzindo a quantidade de planos móveis, fixos, de banda larga e TV. Entre as táticas está a adoção de modelos de flat-fee (tarifa única) por cliente, o que teria o poder reduzir as reclamações por erros de cobrança, por exemplo.

O CFO da Oi afirmou ainda que, embora o PGMU tenha trazido mudanças nas metas de instalação e manutenção de orelhões, o que permitiu à Oi desligar centenas de milhares desses equipamentos, ainda neste ano e na primeira metade de 2020 haverá custos elevados em relação à manutenção desses serviços. Os custos com TPUs devem estabilizar apenas no segundo semestre do ano que vem.

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Rafael Bucco

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