O presente e o futuro do agro serão suportados pelas TICs, diz Mapa

Capacitação de profissionais para o processo de transformação digital no campo preocupa executivos

Não parece haver dúvidas de que a transformação digital no campo se faz necessária não só para garantir aumento de produtividade para o produtor rural mas também para o atendimento de outras prioridades que estão colocadas mundialmente, como sustentabilidade, segurança alimentar e do alimento. Para Cleber Soares, diretor de Inovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o presente e o futuro do agro serão suportados pelas TICs. Com esse avanço, outra questão é colocada como essencial, a capacitação de profissionais para esse mercado que em breve terá demanda para “agrônomos digitais” ou o mesmo perfil para outras áreas na fazenda.

Soares participou hoje da abertura do Agrotic 2020, promovido pela Momento Editorial em parceria com a EsalqTec, tendo a seu lado Joacir Medeiros, coordenador técnico do Instituto CNA, e João Roberto Spotti Lopes, vice-diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), sob a coordenação de Sérgio Barbosa, gerente executivo da EsalqTec.

O executivo reafirmou a importância do tema dentro do MAPA, que realizou uma grande pesquisa sobre esse tema, junto com a Esalq, que servirá de base para o estabelecimentos de políticas públicas que fortaleçam a digitalização e a conectividade do campo. No momento, o estudo está nas mãos da ministra Teresa Cristina (MAPA) e Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). “Nele temos várias abordagens, da Inteligência Artificial, Blockchain, às diversas tecnologia de conectividade, como as redes móveis”, afirmou.

A digitalização é um dos quatro pilares estabelecidos pelo MAPA — que se situam entre desafios e oportunidades — mas que terá presença para o estabelecimento dos outros três. Esses outros pilares são sustentabilidade, segurança alimentar e segurança do alimento. “Esses são temas mundiais de grande importância que estão causando uma revolução no agro”, disse o executivo. Ele dá o exemplo do carbono que, atualmente, é a nova moeda da agropecuária e sua medição estabelece parâmetros importantes e que prevalecerão na concorrência desse mercado.

A importância da conectividade, principalmente para pequenos produtores, preocupa. “Temos no Brasil cerca de cinco milhões de propriedades rurais com uma grande presença do pequeno produtor de até 100 hectares e 3,6 milhões de fazendas – boa parte de pequeno porte, sem nenhuma conexão”, afirmou Medeiros. Na sua avaliação, não há muito sentido em se ter inovação se todos os elos da cadeia produtiva não puderem acompanhar essa evolução.

A CNA tem atuado muito nessa questão digital, entre os quais a capacitação via Senar. ‘Oferecemos cursos gratuitos para o produtor, independente da lavoura, e levamos para eles discussões técnicas, sociais, com a família e trabalhadores. Por conta da pandemia, os cursos passaram a ser onlines.

Também por conta do Covid 19, a CNA investiu em uma plataforma de market place, para conectar o produtor e permitir que ele escoe sua produção com o mínimo de impacto possível. E ainda oferece o sistema de assistência técnica.

Dentro de um panorama digital, a questão da capacitação se torna essencial também na avaliação de Lopes. “A participação da academia, com centros de pesquisa e universidades, no ecossistema de inovação é muito importante para os jovens e ajudar na produção de conhecimento e novas ideias”, ressaltou.

Para ele, a parte de pesquisas tem se inclinado muito para o universo das aplicações, em função de diversos estímulos, e com atividades multidisciplinares que estimulem a criatividade, o empreendedorismo, e a circulação de novas ideias ou capacidade para resolver problemas complexos”, analisou.

Como parte desse ecossistema, ele cita Piracicaba, onde está o conhecido Vale Agtech, com centros de pesquisas, hubs tecnológicos e produtores rurais voltados para inovação. “Isso está se replicando em diversas regiões do país”, disse. De acordo com o executivo, o Brasil responde atualmente por 50% das AgTechs da América do Sul. Em segundo lugar está a Argentina, com 25%.

 

 

 

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Wanise Ferreira

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