O pior da inflação no Brasil já passou, diz Campos Neto

O presidente do BC, Campos Neto, ressaltou que a autoridade monetária vai frear a inflação e que grande parte do trabalho já foi feito.
O pior da inflação no Brasil já passou, diz Campos Neto - Crédito: Divulgação
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central – Crédito: Divulgação

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 27, no X Fórum Jurídico de Lisboa, em Portugal, que o pior momento da inflação no Brasil já ficou para trás e que o choque de juros será capaz de desacelerar o processo inflacionário.

“A gente ainda tem no Brasil um componente de aceleração de inflação, os últimos dois números [de inflação] foram, acho que pela primeira vez, dentro da expectativa. A gente acha que o pior momento da inflação no Brasil já passou”, disse.

No acumulado de 12 meses até maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), atingiu 11,73%, segundo o IBGE.

A apresentação preliminar do relatório trimestral de inflação, feita na última semana, mostrou que autoridade monetária prevê que o IPCA fique em 11,31% no acumulado de 12 meses até agosto. A estimativa do BC para a inflação de 2022 é de 8,8%, acima do teto da meta (5%).

Nas projeções de curto prazo, considera altas de 0,81% em junho, de 0,84% em julho e 0,33% em agosto. No trimestre, estima avanço de 1,99%.

De acordo com o presidente do BC, muitos países estão fazendo políticas descoordenadas nesse sentido e isso pode gerar uma queda de investimentos nesses setores.

“Essa falta de coordenação está gerando uma queda em investimento tanto em energia quanto em alimentos. A gente precisa entender que quem produz alimentos e energia não é o governo, é o setor privado e o governo tem que funcionar, tem que endereçar o problema das classes sociais mais baixas, mas a gente não pode se desviar da prática de mercado, porque afinal das contas é o mercado que produz alimentos e energia”, afirmou Campos Neto.

A taxa de juros no Brasil, a Selic, foi elevada em 0,5 ponto percentual na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para 13,25% ao ano.

“O Brasil está muito perto de ter feito o trabalho todo, alguns outros países estão no meio do caminho, a gente vai ver ainda alguns países subindo bastante os juros e vamos ver o que isso vai gerar em termos de economia mundial. Será que vamos ter recessão mundial?” questionou.

O presidente do BC ressaltou, ainda, que a autoridade monetária vai frear a inflação. “É importante que o Brasil tenha feito o processo antecipado. Acreditamos que nossa ferramenta é capaz de frear o processo inflacionário e acreditamos que grande parte do trabalho já foi feito — disse.

Sobre a atividade econômica, Campos Neto ressaltou que o Brasil é um dos poucos países que está tendo revisões para cima das expectativas de PIB.

Na última passada, o BC elevou sua projeção de 1% para 1,7% de crescimento para 2022.

“Teremos provavelmente um PIB forte no segundo trimestre. Obviamente em algum momento tudo que a gente está fazendo vai gerar desaceleração no segundo semestre, mas ainda assim, o crescimento é bastante maior no início do ciclo de ação”, ressaltou.

(com agências)

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Redação DMI

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