Não haverá bancarrota no Brasil após quebra do Silicon Valley Bank

Poucas fintechs e startups brasileiras estão expostas ao banco norte-americano, diz presidente da ABFintechs; contudo, sem citar nomes, indica que empresas têm participações significativas nos segmentos em que atuam
Quebra do Silicon Valley Bank acendeu o sinal de bancarrota no sistema financeiro
Instituições brasileiras não devem entrar em bancarrota como consequência da falência do Silicon Valley Bank (crédito: Freepik)

A quebra do Silicon Valley Bank (SVB), instituição responsável por financiar grande parte das empresas norte-americanas de tecnologia, deve gerar impactos no Brasil, mas de forma pouco significativa.

“Não vai haver uma bancarrota por aqui”, afirma Diego Perez, presidente da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).

Segundo ele, atualmente, apenas uma pequena parte das startups e fintechs brasileiras está exposta ao SVB. São empresas que captaram recursos estrangeiros, os chamados “venture capital”. Ainda assim, Perez indica que será preciso ver como o cenário se desenrola.

“O problema é que ou receberam bastante investimento ou têm participação importante no setor que atuam”, alerta o presidente da ABFintechs.

Para conter o efeito cascata sobre o sistema financeiro, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, lançou uma linha de empréstimo de emergência no domingo, 12, mesma data em que o Signature Bank foi fechado na esteira da falência do SVB.

Por questões de regulação, as fintechs registradas no Brasil como IPs, SCDs e SEPs possuem segregação de patrimônio de seus clientes, explica Perez. Dessa forma, o eventual impacto operacional de algum negócio brasileiro que tenha tido seus fundos depositados no SVB dados como inacessíveis não alcançará os recursos dos clientes, já que foram depositados em contas apartadas controladas pelo Banco Central ou representadas em títulos públicos nacionais.

“Agora, os recursos das instituições devem ser repatriados de maneira lenta, deve ter uma fila de prioridades e cair a conta gotas”, indica. “O que surpreende nisso tudo é que fundos de investimento estrangeiros recomendavam a abertura de conta no Silicon Valley Bank”, lembra o presidente da ABFintechs.

Nos Estados Unidos, ainda há temor de que a quebra do SVB gere reflexos em outras instituições financeiras, a exemplo do Signature Bank. Um dos motivos disso é que o fundo garantidor norte-americano assegura depósitos de até US$ 250 mil – e mais de 90% dos recursos depositados no banco superam essa marca.

Para um grupo de analistas da XP – Fernando Ferreira, estrategista-chefe do Research, Jennie Li, estrategista de Ações, e Rebecca Nossig, analista de Estratégia de Ações –, a crise no setor bancário pode forçar o Fed a rever o direcionamento da política monetária, forçando uma postura mais frouxa em relação à taxa de juros, atualmente na faixa de 4,5% e 4,75% ao ano.

“Isso pode abrir espaço para o Copom [Comitê de Política Monetária, do Banco Central] também poder cortar juros em algum momento esse ano. Um início de ciclo de afrouxamento dos juros no Brasil pode ajudar os ativos brasileiros, como a Bolsa, e os títulos pré-fixados”, avaliam os analistas, em nota.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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