NanoCapital quer girar R$ 100 mi em crowdfunding para PMEs em 2025

Focada em buscar aporte para negócios dos setores de real estate, infraestrutura, cleantechs, varejo e agronegócio, fintech faz seleção detalhada para aprovar empresa para captação
Com crowdfunding para PMEs, NanoCapital quer movimentar R$ 100 mi em 2025
Sabino, da NanoCapital: renda fixa e PMEs com alto potencial de expansão via crowdfunding | Imagem: LinkedIN

A Romar Construtora e Incorporadora, empresa paranaense,  está na terceira captação via crowdfunding na plataforma NanoCapital. O objetivo é conseguir um aporte de R$ 2,5 milhões para a conclusão de um projeto de alto padrão no Pontal do Paraná. Quando fez a primeira captação pela fintech, a construtora faturava R$ 6,5 milhões e tinha cerca de R$ 20 milhões de recebíveis de imóveis financiados. Atualmente, fatura R$ 21 milhões e a quantidade de recebíveis saltou para R$ 80 milhões. A empresa também passou de LTDA para S.A. e tomou medidas, como a contratação de um chief financial officer (CFO), para melhorar seu nível de governança.

“Quando selecionamos uma empresa, observamos se tem perfil para mais uma captação depois porque preferimos acompanhar o crescimento. Essa deve ser a última captação da Romar conosco porque está crescendo bem, creio que não vai mais precisar de crowdfunding”, comenta Daniel Felipe Sabino, sócio-fundador e chief product officer (CPO) da NanoCapital.

A NanoCapital é uma plataforma que conecta investidores do varejo em busca de diversificação do portfólio à oportunidades de aportes participativos, o chamado crowdfunding. Enquanto há muitas plataformas que buscam recursos para startups, a NanoCapital é uma das poucas no país que foca em pequenas e médias empresas (PMEs) com alto potencial de expansão.

Sua prioridade está em negócios dos setores de real estate, como a Romar, infraestrutura, cleantechs, varejo e agronegócio. Geração de caixa recorrente, bom histórico dos fundadores e garantias reais também contam para a seleção da NanoCapital.

Oportunidade de mercado

Economista de formação e com experiência no mercado de capitais, Sabino percebeu, durante uma temporada de trabalho no exterior, o quanto o acesso a capital era mais acessível para PMEs lá fora. Pouco depois, de volta ao Brasil, viu numa instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a nº 588, publicada em 2017, a oportunidade para desenvolver um modelo de captação via financiamento coletivo. Em 2021, fundou a NanoCapital, cujos principais veículos de investimento são notas comerciais e equity.

“O brasileiro gosta de segurança, por isso, escolhemos trabalhar com empresas e setores que tenham garantias para dar. Além disso, é um investidor que gosta de renda fixa. Nosso foco foi desenhado então em cima da demanda do que o investidor quer”, conta Sabino.

A fintech, que mira o investidor do varejo, viu ainda nos agentes autônomos de investimento — que ganharam status importante no país graças à XP –, uma forma de se aproximar do investidor. “Nos aproximamos dos assessores de investimento. Esses foram os três pilares que nos nortearam até aqui”, diz o executivo.

Seleção acirrada

A seleção das empresas para captar via a plataforma é minuciosa. Geralmente, elas chegam por indicação de parceiros, de aceleradoras, associações comerciais e também dos escritórios de agentes autônomos de investimento. De acordo com Sabino, depois de uma curadoria, menos de 10% das PMEs que se candidatam ao crowdfunding via a plataforma são selecionadas.

A lista de informações a serem observados na diligência feita pela NanoCapital inclui cerca de 78 itens, que vão desde balanço, lista de endividamento e contrato social. Depois de uma primeira análise pela área de compliance e risco da fintech, é hora de tirar dúvidas e verificar documentos faltantes com os empreendedores candidatos. “É nessa estapa que muitos desistem. É mais difícil que pedir um empréstimo num banco. Precisamos entender a fundo a estrutura da empresa. Queremos evitar ao máximo ter um default”, afirma o sócio da fintech.

Sabino conta que o crowdfunding ainda é considerado um patinho feio no mercado. Mas, já houve um avanço. “No início, os investidores achavam que a gente era pirâmide. Buscamos dar ênfase ao selo da CVM e eliminar todos os gaps em relação ao mercado tradicional. Fomos a primeira plataforma de crowdfunding a fazer uma oferta securizada”, conta.

Ainda em processo de se firmar no mercado, o crowdfunding girou cerca de R$ 480 milhões no ano passado. Este ano, segundo Sabino, a expectativa está em torno de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão. Nessa onda, a NanoCapital também projeta crescimento. “Fizemos R$ 30 mihões em três anos. Vamos fazer mais R$ 30 milhões neste fim de ano. Só no ano que vem, queremos chegar a R$ 100 milhões”, afirma.

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Simone Costa

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