Modelo “white label” deve nutrir nova onda de fintechs
O mercado de fintechs está aquecido no Brasil, e também em transformação. Se empresas como Nubank cresceram e atraíram investimentos por conta da facilidade na prestação de serviços bancários a taxas módicas – ou mesmo sem taxa alguma – chegou a vez dessas empresas se tornarem mais B2B, prestando serviços a grupos consolidados que buscam colocar um pé no segmento bancário ou querem mais eficiência.
O diagnóstico é de Diego Perez, diretor-executivo da ABFintechs, entidade que representa o segmento. Ele contou hoje, 28, na live realizada pelo Tele.Síntese, que o número de fintechs se multiplicou no país desde 2016. Naquele ano, quando a associação foi criada, tinha 100 integrantes. Hoje, são mais de 400. Embora a entidade não represente a totalidade do mercado, o dado é um bom indicativo de que novos negócios foram criados na área das prestadoras digitais de serviços bancários e financeiros inovadores.
Mais concorrência leva, também, a novos modelos de negócio e busca por novas oportunidades. Conforme o executivo, a mais nova onda de fintechs já tem atuação diversa das pioneiras, que eram especializadas em alguns serviços bancários.
“Enxergo no futuro as fintechs ganhando mais espaço. O que está acontecendo é uma “fintechização” de empresas em mercados não financeiros”, disse Perez. Ou seja, redes varejistas, apps de serviços de mobilidade, entre outros, estão adotando práticas das fintechs, contratando ou adquirindo essas empresas para entregar comodidade aos clientes.
White Label e B2B
Também deve crescer a quantidade de fintechs que fornecem serviço a empresas. “As fintechs vão começar a trabalhar nos bastidores também, para que essas grandes estruturas empresariais, esses grandes grupos, comecem a se beneficiar dessa dinâmica e oferecer uma experiência diferente para o seu cliente, seu usuário. É um movimento que já começou e vai ganhar muito mais espaço”, prevê.
Para ele, são bem-vindas iniciativas de operadoras de telecomunicações no segmento de pagamentos. Tal tendência é mundial, e começou na Ásia. “Lá é comum operadoras serem as donas de fintechs por causa da abrangência e da carteira de clientes que possuem”, diz.
Perez considera positiva a proposta da TIM de criação de um padrão de pagamentos digitais, baseado no PIX, para as operadoras, em conjunto, transformarem o pré-pago em carteira digital. Mas lembrou é importante ir além. “Tem de haver interoperabilidade e ter o sistema também no pós-pago. E uma moeda digital, soberana, que transita em todas as plataformas, resolveria uma situação como essa”, concluiu.