Minoritário da Oi responsabiliza Pharol por recuperação e dívida de R$ 20 bi

Aurélio Valporto, da Associação dos Investidores Minoritários do Brasil, acusa os atuais controladores da Oi, a Pharol, de ter supervalorizado os ativos da Portugal Telecom e de ter repassado dívidas europeias para os acionistas brasileiros e por isso se alia a Nelson Tanure ao pleito de sua destituição.

Se os minoritários não têm voto no conselho da Oi, têm voz. E a Associação dos Investidores Minoritários do Brasil, escalou  o economista Aurélio Valporto para fazer uma série de denúncias contra o seu alvo preferencial – os portugueses, que controlam a concessionária, com 26% das ações através da Pharol -. Para Valporto, foram os “portugueses que destruíram a empresa”, pois sem eles, as ações da Oi valiam, em dezembro de 2009, R$167,50, e hoje valem menos de R$ 3,00.  Ele alia-se à Nelson Tanure, sócio que comprou 6% das ações da Oi, na tentativa de tirar os representantes da Pharol do comando da concessionária brasileira.

E justifica: ” se foram eles que quebraram a Oi, não é possível acreditar que eles vão querer fazer um bom negócio com os credores para valorizar a empresa”.

Convencido de que a parceria com a Portugal Telecom só prejudicou a empresa brasileira, Valporto enumera a série de acontecimentos que considera “crime de lesa pátria’ contra o Brasil e seus investidores, e que está tentando avaliar o que pode mesmo ser enquadrado como ação criminal para a associação ingressar com representação contra seus atores.

  • Na primeira fase da fusão PT/Oi- o banco Santander, lembra Valporto, avaliou a Portugal Telecom com ativos de  R$ 28 bilhões e passivos de R$ 22,3 bilhões. A Oi iria fazer um aumento de capital de R$ 14 bilhões, no qual a PT ingressaria com os ativos de R$ 5,7 bilhões. com isso, a PT teria 22,38% da empresa brasileira.
  • Na segunda etapa da operação, a PT seria extinta, criada a CorpCo, multinacional, com a PT participando com 37,3% da empresa, cujo projeto maior seria a pulverização do capital no futuro.

Para Valporto, o primeiro fato “estranho” é que o calote da Rio Forte – os títulos podres, no valor de R$ 3 bilhões que a PT tinha em seu poder – foi comunicado ao mercado dois meses depois do aporte de capital feito pela Portugal Telecom. “Ou seja, já no suposto “aumento de capital” por parte da Portugal Telecom, descobre-se que os portugueses, secretamente,  jogaram para dentro dos ativos da Oi títulos que nada valiam no montante de  897 milhões de euros (equivalente a cerca de R$ 3bi ao câmbio da época). Quando o golpe foi descoberto, ao invés de aportarem este capital na empresa, não tiraram um tostão do bolso e, numa clara ação entre amigos, cobriram o desfalque na Oi com ações da própria companhia que haviam recebido, devolvendo assim parte das ações que ficariam em poder da PT”, acusa ele.

E suas acusações continuam. Dos  R$ 5,7 bilhões que a PT teria colocado na operadora brasileira, só restaria R$ 2,7 bi. Se não fosse o fato, acusa, de os ativos da operadora brasileira estarem também superavaliados. Argumenta, que a Oi revendeu a PT para a francesa Altice por € 7,4 bilhões, pelo menos R$ 4 bilhões a menos do que ela recebeu pela PT, quando avaliada pelo Santander.  “Até o momento temos um redução de aproximadamente R$ 7 bi nos ativos aportados, R$ 3 bi em títulos podres da Rioforte e R$ 4 bi em superavaliação dos ativos da Portugal Telecom em Portugal”, atira.

Depois, Valporto cita ainda o no ITR do 2º trimestre de 2014 , que teria apurado um valor negativo para a Portugal Telecom, de R$ 2,8 bilhões negativos. Não se esqueceu tão pouco dos complicados ativos africanos da Portugal Telecom, como outra forma de comprovar o “mico” português

E foi buscar em uma nota de rodapé da própria Oi, no “Formulário de Referência da Oi de 2015″, onde está escrito  o seguinte:” A concessão da Unitel para prestar serviços de telecomunicações móveis em Angola expirou em abril de 2012. A Companhia não pode fornecer nenhuma garantia sobre os termos em que o Instituto Angolano das Comunicações concederá uma renovação desta concessão”.  Ora, indaga o economista, para que serve  uma telefônica sem concessão?

Enfim, conclui Valporto: ” há uma superavaliação de ativos de, no mínimo, R$ 11 bilhões. Por outro lado, os passivos se mostraram muito concretos e aumentaram exponencialmente o endividamento da Oi S.A. em curtíssimo prazo. Segundo as informações financeiras da Oi, em 31 de março de 2014, sua dívida bruta era de, aproximadamente, R$ 36 bi. Em 30 de setembro de 2014, apenas seis meses depois, a dívida bruta saltou para, aproximadamente, R$ 60 bi. Mas ainda mais alarmante foi o perfil da dívida aportada, assim que foram incorporadas, as dívidas europeias da Portugal Telecom começaram a vencer.”

E é por isso que ele se aliou à Tanure também no que se refere ao questionamento da dupla representatividade dos conselheiros (os mesmos sete conselheiros que estão na Oi estão também na Pharol), o que ele entende que seria uma manobra para uso de ações em tesouraria, para que novos representantes sejam eleitos.

Zeinal Bava

Por fim,  coloca outra espada sobre o ex-presidente da PT e da Oi, Zeinal Bava. Segundo Aurélio Valporto, Zeinal é um dos  maiores credores trabalhistas da concessionária brasileira: tem a receber R$ 17 milhões, como bônus por ter deixado a presidência da Oi.

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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