Metaverso vai exigir muita banda larga, sinaliza Meta

Em Davos, no Fórum Econômico Mundial, companhia indica dificuldades para permitir que diversos participantes interajam em sincronia, com baixa latência e alta resolução gráfica no futuro ambiente digital
Meta indica que metaverso precisará de muita banda larga para funcionar bem
No Fórum Econômico Mundial, Meta indica que metaverso precisará de muita banda larga para funcionar adequadamente (crédito: Freepik)

Uma das grandes apostas das empresas de tecnologia para os próximos anos, o metaverso deve exigir muita banda larga dos usuários para funcionar de forma sincronizada entre todos os participantes e produzir ambientes em alta resolução, indicou a Meta, proprietária de Facebook e Instagram e uma das companhias mais engajadas no desenvolvimento do ecossistema virtual.

Na prática, a tecnologia enfrenta um dilema entre gráficos, latência e sincronia, afirmou Chris Cox, CPO (Chief Product Officer) da Meta, durante um painel sobre o desenvolvimento do metaverso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, nesta quarta-feira, 18.

“Por que o metaverso ainda não tem alta resolução? A resposta é que, se você quer alta resolução, precisa enfrentar o dilema contra concorrência”, destacou. Em ciência da computação, o termo “concorrência” diz respeito a processos executados simultaneamente que disputam o acesso a recursos partilhados. A ideia do metaverso é que os usuários interajam em tempo real no ambiente digital.

“E se você quer alta concorrência, há o dilema contra latência”, complementou.

Cox ressaltou que o metaverso projetado pela Meta, iniciativa que já foi alvo de críticas de acionistas, ainda está na “versão inicial”.

A divisão Reality Labs, unidade da companhia responsável pela construção do ecossistema digital, registrou perdas de US$ 3,7 bilhões (aproximadamente R$ 19,19 bilhões) no terceiro trimestre do ano passado, somando prejuízo de US$ 9,4 bilhões (R$ 48,76 bilhões) em nove meses. Os investimentos no departamento, no entanto, devem continuar volumosos neste ano.

A respeito do dilema da tecnologia, o executivo relatou um experimento como se fosse em um clube de comédia. Segundo ele, além do desafio de aliar avatares em sincronia e gráficos de alta resolução, o ambiente simulado precisa de muitos participantes para reproduzir uma experiência próxima à da realidade.

“No metaverso, ficou claro que um clube de comédia com 18 pessoas não funciona. Você precisa de uma sala maior para ouvir os murmúrios, as risadas e os sussurros”, contou.

Além disso, o executivo disse que a tecnologia tem feito a empresa se aventurar no desenvolvimento de peças de hardware.

“Estamos desenvolvendo hardwares [para o metaverso] porque eles não existem. Ou seja, essas coisas não existem no mundo, mas nós queremos que elas existam. Não pensamos em nos tornar uma companhia de hardware, mas, se você quer dar vida a essas experiências, às vezes, você precisa construir o hardware”, salientou.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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