Mercado de TIC brasileiro fechará 2016 no azul, afirma IDC

Expectativa é de crescimento de 2,6% em 2016, cerca de metade do apurado em 2015. Calcula que sejam vendidos 40 milhões de celulares, 6 milhões de PCs e 5 milhões de tablets. E O setor de telecomunicações viverá um ano sombrio, de grandes transformações.

grafico-ascendente-luneta-936x600-01ascendente observarO mercado de tecnologias da informação e comunicação terá um ano desafiador pela frente, impactado pela crise econômica, mas não vai se desviar de sua trajetória ascendente, conforme projeção da consultoria IDC Brasil. A empresa de análise de mercado divulgou na tarde desta quinta-feira, 28, dez previsões para o setor no país. No material, calcula que o mercado de TICs vá crescer 2,6%. Em 2015 o crescimento ficou pouco acima de 5%. A título de comparação, o PIB brasileiro pode apresentar retração de 3,5% este ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

É justamente o cenário de dificuldades que vai orientar o investimento das empresas em TICs. Com menos margem para erros, as grandes companhias e médias empresas vão acelerar os gastos na transformação digital, que consiste em ampliar o uso da chamada terceira plataforma para ganhar eficiência e se diferenciar das concorrentes. Terceira plataforma é o nome dado ao conjunto de tecnologias que reúne big data, analytics, social e mobilidade.

As vendas de dispositivos eletrônicos continuarão a cair este ano, mas o Brasil não deixará de ser um dos mais importantes mercados do mundo para as grandes fabricantes. A IDC Brasil calcula que sejam vendidos 40 milhões de celulares, 6 milhões de PCs e 5 milhões de tablets. As vendas serão mais baixas por causa da menor demanda e aumento de preços, feitos em função da alta do dólar e fim de benefícios fiscais. A consultoria estima que, sozinho, o fim dos incentivos da Lei do Bem para fabricação de smartphones derrubará as vendas em 15%.

Outra previsão da empresa de análise de mercado diz respeito à internet das coisas. Este segmento vai movimentar US$ 4,1 bilhões no país neste ano, puxado por investimento das empresas que efetuam a transformação digital. A quantidade de soluções em hardware e software deve se multiplicar. Mesmo nos lares, o consumidor já começa a aderir à IoT no país. A IDC estima que hoje 10% da população enquadrada nas classe A e B já tenham aparelhos conectados à internet e que não são smartphones ou computadores. Este mercado de IoT doméstico vai movimentar US$ 37 milhões.

Os pagamentos móveis são o foco da quarta previsão da consultoria. Em 2016 eles devem crescer no país, com adesão maior da população não bancarizada. A empresa considera pagamento móvel qualquer transação de pagamento feita por aplicativo no dispositivo móvel ou usando tecnologia NFC embarcada no celular, e desconsidera os pagamentos feitos por sites pelo navegador no smartphone, por exemplo. A IDC afirma que existem no país 40 milhões de celulares com NFC. Em 2016, 30% das transações financeiras serão de pagamentos móveis. Em 2014, esse porcentual era de 10%, e em 2012, de apenas 2%.

O setor de telecomunicações viverá um ano sombrio, de grandes transformações. A IDC Brasil não sabe precisar ainda como ficará a receita dos grande grupos, mas estima que em um segmento de atuação, o corporação, haverá queda na demanda. Com isso, o mercado total de serviços “business” fechará 2016 com retração de 0,5%. Essa queda é reflexo da queda de consumo em voz fixa e voz móvel, e aumento do consumo de dados. A oferta de serviços de dados, TI e data center não vai aplacar a menor demanda.

A empresa mantém as estimativas passadas, de que o mercado de dados será maior que o de voz em 2018, embora as operadoras falem sobre isso acontecer antes. “O que eles consideram dados é diferente do que consideramos. Eles acrescentam aí SVA, que é uma enorme caixa preta e entram outros serviços”, explica João Bruder, coordenado de pesquisa em telecom da IDC Brasil. Maior demanda por dados exigirá infraestruturas de redes mais robustas. O foco dos investimentos das operadoras no ano devem ser as redes 3G e LTE Advanced.

Outra previsão para 2016 inclui o desencanto com o BYOD por motivos de segurança. As empresa tenderão a preferir dar devices para os funcionários usarem no trabalho do que permitir que eles usem os dispositivos pessoais. Cerca de 50% das empresas vão restringir o BYOD, e 70% vão adotar controles dos dispositivos móveis usados no trabalho (hoje, 55% das empresas fazem isso).

A nuvem manterá o crescimento, com empresas buscando mais serviços na rede pública para reduzir custos. O Brasil deve se apresentar como um palco diferente do resto do mundo nesse quesito. Enquanto nos mercados maduros haverá movimentos de consolidação de empresas de serviços em nuvem, por aqui, pelos próximos dois anos, veremos surgir novos players.

A IDC também diz que haverá mais investimentos em segurança, com o orçamento para segurança avançando ao menos 2 pontos percentuais dentro do gasto das empresas com TI. Prevê, ainda, crescimento do mercado de analytics, com chegada ao mercado dos primeiros profissionais formados em cursos especializados na área por instituições de ensino e maior uso das empresas da terceira plataforma. O mercado de analytics vai movimentar cerca de US$ 811 milhões no Brasil em 2016.

Por fim, a empresa de análise afirma que as estratégias de mercado voltadas ao social (redes sociais, formação de comunidades etc) vão continuar a crescer. Este será o pila da diferenciação dos negócios em um ambiente que estará mais acirrado.

“2016 vai ser um ano desafiador, mas não será um ano negativo. No mercado de TICs o Brasil estará em posição saudável, entre os dez principais mercados do mundo. O país ainda é interessante e importante para o mundo da tecnologia, e deve movimentar entre US$ 160 bilhões e US$ 170 bilhões em TICs no ano. Apenas o setor de tecnologia da informação vai crescer 5%”, conclui Pietro Delai, gerente de consultoria e pesquisa para a área de enterprise da IDC Brasil.

América Latina
O Brasil representa quase a metade do mercado de TICs para a região. Mas as condições macroeconômicas que marcaram 2015, como a queda no consumo e desvalorização cambial, não devem se repetir com mesma intensidade na América Latina em 2016. Com isso, a IDC Brasil estima que haverá uma ligeira recuperação na maioria dos países.

Os investimentos em TI somarão US$ 130 bilhões, e os em telecomunicações somarão US$ 213 bilhões, um crescimento de 3,3% sobre 2015. Os investimentos em serviços de nuvem pública e priva hospedada remotamente terão aumento de 40%, para US$ 3,6 bilhões. Enquanto o mercado de IoT crescerá de US$ 7,7 bilhões em 2014 para US$ 15,6 bilhões até 2020. Atualmente, 59% das empresas avaliam implantar iniciativas de IoT ainda este ano.

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Rafael Bucco

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